A cidade tem prefeito, ainda que esteja se fingindo de morto, e o fato é que o poder não deixa vácuo. Como o estilo de Paulo Garcia é discreto, o governador Marconi Perillo belisca as fronteiras entre as atribuições municipais e estaduais. Marconi recomeçou por Goiânia as edições do Governo Itinerante e a intenção se revela mais suja que as águas do Rio Meia-Ponte.
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Em discurso do Governo Itinerante, Marconi acrescentou fileiras de compromissos a seu rol de blá-blá-blás. A Região Noroeste, a mais carente de Goiânia, anfitrionou os serviços e as promessas. Marconi vai transformar o Finsocial num bairro de Zurique, o Nova Esperança num setor de Helsinque, o Balneário numa estação sueca, o Morada do Sol numa zona rica de Berna. Como a região não recebeu até agora nem berne, a conversa fiada entrou por um ouvido e saiu pelo outro.
Marconi anunciou a construção de viaduto ao lado do curral de torturas Padre Pelágio. Pode ser lero-lero. A única obra recente na saída para Trindade é um imenso painel, com tela publicitária gigantesca, piorando o trânsito e aumentando o estresse. É bem o retrato do governo: obra não se vê tanta, mas propaganda é para todo lado.
O secretariado de Marconi está com problemas porque falta dinheiro e sobra preguiça. Quem o socorre é o governo federal. Agora, Marconi quer mais de 3 bilhões de reais de órgãos estrangeiros. Resumindo a ópera ao som de sertanejo universitário e muito arrocha: quem não está conseguindo administrar nem os problemas que herdou, quer pegar os pepinos da prefeitura para gerenciar. Se não conseguir resolver nada, nem envermelha a cara antes de fazer mais promessas e mais publicidade. Nosso Estado cresce, você cresce junto e o nariz cresce ainda mais.