Médicos de todo o país farão nesta quinta-feira (07) uma paralisação que suspenderá o atendimento aos usuários da maioria dos planos, convênios e seguros de saúde. A suspensão das atividades é um protesto contra reajustes que têm sido praticados pelos planos de saúde em honorários, e que na avaliação deles estão muito abaixo da inflação nos últimos dez anos. A paralisação será de 24 horas, e apenas os casos de urgência e emergência serão atendidos. A estimativa é de que 160 mil médicos brasileiros participem do protesto.
Consultas, exames, cirurgias, retornos e outros procedimentos não serão feitos, até mesmo aqueles que já estavam agendados. Em Goiás, a paralisação vai atingir cerca de 1,2 milhão de usuários das quase 40 operadoras que atuam no Estado, como a Unimed, Geap e Cassi, e de institutos, como o Instituto de Assistência aos Servidores do Estado de Goiás (Ipasgo) e Instituto de Assistência à Saúde e Social dos Servidores Municipais de Goiânia (Imas).
Em entrevista ao programa “Repórter Cidade”, da RÁDIO 730, o presidente do Cremego (Conselho Regional de Medicina do Estado de Goiás), Salmoão Rodrigues Filho, reforçou que a paralisação pretende não só reivindicar os direitos dos médicos, como também chamar atenção da população. “Nesse dia vai ser um alerta mais focado ao sistema suplementar de saúde, um dia de alerta a quem tem planos de saúde, sobre o que vem acontecendo, a qualidade da assistência, e as condições de trabalho”, disse.
Segundo ele, nos últimos sete anos foram aprovados pela Agência Nacional de Sáude (ANS) reajustes de 144% para os planos de saúde, e foram repassados apenas 50% desses valores aos médicos. “O plano de saúde, como regra, visa o lucro, e ele quer receber mais do usuário, e pagar menos na prestação de serviços, e quer limitar os serviços que são prestados aos clientes. É preciso que a gente alcance um equilíbrio nessa relação, principalmente de interesse do paciente, num segundo lugar do médico, e em terceiro da prestadora”, argumentou Salomão.
Falta de autonomia
O presidente da Cremego revelou que, na atual situação, os médicos estão reféns das prestadoras de serviço. De acordo com ele, os procedimentos não são feitos adequadamente devido às restrições impostas pelos planos. “Isso se dá de uma forma muito grave. Por exemplo, quando você como psiquiatra interna um paciente dependente químico de crack, você só tem 15 dias de internação para tratar esse cliente, e ao final do 15º dia você tem que dar alta, e na maioria das vezes o paciente não tem condições de alta”, exemplificou.
“Isso interfere na autonomia do médico”, concluiu. Salomão assegurou que a classe pretende fazer outros protestos. “Com certeza vai desencadear novas manifestações, esse será um alerta e nas semanas seguintes nós estaremos buscando abrir negociações com as prestadoras”, declarou. A mobilização nacional é coordenada pelo Conselho Federal de Medicina (CFM), Associação Médica Brasileira (AMB), Federação Nacional dos Médicos (Fenam), Sociedades de Especialidades Médicas e suas regionais.
Reunião
Salomão Rodrigues Filho e conselheiros e diretores de Sociedades de Especialidades Médicas vão se reunir na sede da Cremego, na rua T-28, número 245, Setor Bueno (em frente à Unip), para orientar os médicos e a população sobre os motivos da paralisação. A reunião será a partir das 9h desta quinta-feira (06).