Um dos que vieram a público contar o teor das ameaças foi o diretor da Casa da Juventude, e também membro da Comissão, padre Geraldo Marcos Labarrere Nascimento.
“Recebemos uma ameaça que chegou ao arcebispo. Ele depois nos chamou, e disse que tinha recebido notícia de uma ameaça interna do grupo, e depois na porta da Casa da Juventude houve uma espécie de desfile de carros, em comboio, eram vários carros, vinte e poucos veículos da polícia, em um mesmo dia, numa mesma manhã”, disse o padre, em entrevista à repórter da RÁDIO 730, Nathália Lima.
Segundo ele, as viaturas da Polícia Militar passaram durante muito tempo nesse dia em frente à Casa da Juventude, e em seguida alguns policiais desceram na entidade para procurar informações sobre o local. “Eles diziam que nós íamos receber o troco, e que não seria uma execução, seria um assalto seguido de morte, ou um acidente”, revelou Geraldo Marcos, ao comentar o teor das ameaças feitas.
O assessor Fábio Fazzion, que trabalha com o deputado estadual Mauro Rubem (PT), presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa, é outro que também sofreu ameaças. “Depois que teve a Operação Sexto Mandamento, nós fomos hostilizados dentro da Polícia Federal. Estive com o deputado Mauro Rubem na coletiva, e fomos hostilizados por integrantes da Polícia Militar. Depois chegam notícias, recados sobre a questão da nossa segurança, de alguma questão de cobrança de fatura”, declarou.
“Eu tenho recebido ligações, às vezes no meio da noite, durante o dia, de um número não identificado, e quando eu atendo, fica em total silêncio, a pessoa não fala nada do outro lado da linha. Os recados que chegam para nós é a pessoa dizendo que ouviu falar que vão cobrar a fatura. Então a gente não sabe o que vem a ser isso, de que forma pode acontecer, e qual o grau”, disse Fábio.
Medidas
Criada no fim de fevereiro, a Comissão iniciou seus trabalhos no dia primeiro de março e tem um prazo máximo de 60 dias para apresentar à sociedade um relatório sobre as investigações feitas à época dos desaparecimentos após as supostas abordagens. Este prazo, porém, poderá ser estendido, segundo a superintendente de Direitos Humanos da Secretaria de Segurança Pública, e presidente da Comissão, delegada Adriana Accorsi, principalmente depois das supostas ameaças a alguns membros.
“Várias são as medidas a serem tomadas, a primeira é tornar pública essa situação, a segunda é que nós estamos encaminhando os fatos, as denúncias para o Diretor Geral da Polícia Civil para que sejam investigadas as autorias dessas ameaças. A Polícia Federal foi comunicada, bem como o Programa Nacional de Proteção aos Defensores de Direitos Humanos, que já esteve em Goiânia, já ouviu essas vítimas, e vai estar acompanhando todos esses fatos a partir de agora, a partir de uma comunicação que nós fizemos oficialmente ao Ministério dos Direitos Humanos”, garantiu.