Imagine sentir dor todos os dias pelo resto da vida e sem perspectiva de cura. Esse diagnóstico é assustador, mas pode ser mais comum do que se imagina. A fibromialgia é caracterizada pela dor crônica generalizada, mas que não apresenta evidência de inflamação na região afetada e, por isso, ainda segue muito ignorada.

Em entrevista à Sagres TV, a mestre em Psicologia Clínica e da Saúde, Jordana Ribeiro, explica que a fibromialgia pode ir muito além da dor física, acomete o emocional e pode levar à depressão. Assista a seguir a partir de 00:10:00

”Dores difusas que percorrem por pelo menos três meses, e que é o principal sintoma, mas não é o único. Além das dores difusas, na fibromialgia a gente encontra também insônia, síndrome do intestino irritável, fadiga, cansaço extremo”, revela.

Dados da Sociedade Brasileira de Estudos da Dor (SBED) apontam que pelo menos 37% da população brasileira afirma sentir dor crônica – que persiste por mais de três meses. Ainda de acordo com o estudo, esse quadro atinge cerca de 24% da população na região Centro-Oeste.

Jordana Ribeiro explica que um dos fatores que mais atrapalham o paciente que sofre de fibromialgia é o preconceito.

”A pessoa está com dor, com cansaço extremo, tem dor até para pentear o cabelo, para abraçar. E por não ter um papel que mostre que ela fibromialgia essa pessoa sofre preconceito. Falam que ela está com preguiça, que ela está mentindo. É um diagnóstico realmente desafiador em que pouco se fala, pouco se busca esse tratamento e a pessoa vai deteriorando se não faz o tratamento como deve ser”, afirma.

Sem medicamentos

E o que fazer para combater a doença? Recorrer a remédios como medicina tradicional propõe pode ser a melhor saída? De Jordana Ribeiro explica que o tratamento medicamentoso não é a melhor forma de lidar com a fibromialgia, sendo apenas uma das opções dentro de uma abordagem multidisciplinar. Mais do que isso, ela reforça que um quadro de dor generalizada tem um impacto na qualidade de vida do paciente e pode até ter ramificações psicológicas. Diante disso, a conscientização acerca da doença ainda é parte fundamental do tratamento.

De acordo com a especialista, com essa metodologia, em cerca de três meses o paciente começa a deixar de usar medicamentos, orientação esta que deve ser feita pelo médico de confiança.

”Em no máximo três meses os médicos já entram com a questão do desmame, porque vão a fundo no emocional”, afirma. ”Cada ponto de dor na fibromialgia tem um significado. Quando elas olham para esse significado e aplicam ferramentas psicológicas que vou ensinando passo a passo, elas atingem a remissão da fibromialgia em torno de três meses e já iniciam o desmame com os médicos delas”, afirma.

Para todos os efeitos, o suporte de medicamentos também contribui para a melhorar o sono, que é drasticamente prejudicado pela fibromialgia, e a disposição do paciente, que vai conseguir manter a prática de exercícios. Além disso, a médica afirma que em momentos de crise, procedimentos intervencionistas podem ser a melhor opção para manter a qualidade de vida, mas, no quadro geral, o comprometimento do paciente com as mudanças é fundamental.

Foto: Sagres TV