O Ministério da Saúde anunciou, nesta terça-feira (28), um investimento de R$ 98,9 milhões no setor de cirurgias cardiovasculares do Sistema Único de Saúde (SUS), oito dias depois de um bebê de 20 dias ter morrido em um hospital de Goiânia por falta de cirurgião para operá-lo do coração.

A partir de novembro, 105 procedimentos cardiovasculares que constam na tabela do Sistema Único de Saúde (SUS) terão valores reajustados entre 4% e 227%. A medida, anunciada em Belo Horizonte (MG), abrange honorários de profissionais e serviços hospitalares, inclusive em casos de alta complexidade ou custo. O último reajuste nesses serviços, concedido em 2008, foi de 30%, em média.

Segundo o secretário de Atenção à Saúde do ministério, Alberto Beltrame, que fez o anúncio durante o 65º Congresso Brasileiro de Cardiologia, na capital mineira, os reajustes permitirão “uma valorização maior do trabalho médico”. Ele exemplifica com o valor pago pelo governo por uma cirurgia de ponte de safena, que atualmente é de R$ 1,3 mil, passará para R$ 3,8 mil. “(O reajuste) facilita também a fixação dos profissionais nos hospitais, inclusive no interior”, avaliou.

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Goiânia

O bebê Bruno Souza de Oliveira, 20 dias, morreu enquanto esperava pela operação. Os cirurgiões cardíacos deixaram de atender pelo Sistema Único de Saúde (SUS) no Estado porque não concordavam com os valores pagos. O menino estava na UTI do hospital, pois precisava de uma cirurgia urgente por causa de um desvio na artéria aorta.

Desde dezembro de 2009 os cardiologistas goianos não atendem pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Eles requerem que o valor pago atualmente (R$ 894) para cirurgias cardíacas seja ajustado ao que está na tabela da Associação Médica Brasileira, cerca de R$ 6 mil.

O presidente da Cooperativa dos Cirurgiões Cardíacos de Goiás, Wilson Mendonça, reconhece que a decisão do Ministério da Saúde representa um avanço nas negociações, mas ainda está longe do valor reivindicado. “É apenas 50% do que pedimos”, diz. Ele afirma que agora terá de ser feita uma reunião com representantes da classe em Goiás para avaliar a proposta.