O Ministério Público de Goiás iniciou uma investigação para apurar a conduta da enfermeira que não injetou a vacina contra a Covid-19, na primeira aplicação, em uma idosa de 88 anos. O caso aconteceu na manhã de quarta-feira (10/2), na área 1 da Pontifícia Universidade Católica, no setor Universitário, em Goiânia. Todos os envolvidos devem ser ouvidos nesta sexta-feira (12).
O vídeo, divulgado pela filha de Floramy de Oliveira Jordão, mostra quando a profissional da saúde fura o braço da idosa com a agulha, mas não injeta a vacina. Só depois de ser questionada sobre o procedimento foi que a enfermeira fez uma nova aplicação, injetando o líquido da seringa. Logo após o ocorrido, a profissional de saúde foi afastada.
Confira o vídeo:
Vídeo mostra momento em que vacina não é injetada em idosa. Floramy de Oliveira Jordão, de 88 anos, só recebeu a dose de forma correta depois que a filha dela, que fez o vídeo, denunciou o ocorrido. O caso aconteceu em Goiânia. pic.twitter.com/AQfUmACD8C
— Rádio Sagres 730 (@sagres730) February 10, 2021
Durante coletiva de imprensa nesta quinta-feira (11), a titular da 87ª Promotoria de Justiça de Goiânia, Marlene Nunes Freitas Bueno, afirmou que vai ouvir a idosa, a filha dela, a enfermeira que aplicou a dose e todos os profissionais que estavam no local no dia que Floramy foi vacinada, além da coordenação do ponto de vacinação e a própria secretaria de saúde de Goiânia.
“Ontem mesmo fizemos uma série de requisições como o endereço e os documentos da idosa e da filha dela. Pedimos para que a secretaria de saúde apresente uma manifestação. Amanhã ouviremos as pessoas envolvidas. Até amanhã no final do dia teremos muitas informações”, afirmou.
PERÍCIA
O MP designou uma perícia nas imagens que foram feitas por Luciana Maria Jordão, de 57 anos, que estava gravando o momento para mostrar aos outros familiares. “Queremos que outros profissionais de saúde descrevam aquelas circunstâncias, para sabermos o que se passou. É importante técnicos e enfermeiros descreverem aquela sequencia de conduta”, explicou ao citar também o momento em que a enfermeira pede para a idosa virar o rosto para o outro lado.

“Iremos indagar os peritos para saber se é de praxe haver essa orientação para que a pessoa vire o rosto no momento da aplicação. O que nós não podemos é afirmar uma crença em cima do que acreditamos. Temos que trazer elemento de prova”, completou.
Segundo o MP, esse é o primeiro caso registrado em Goiânia e que foi levado ao conhecimento do órgão. Alguns vídeos com a mesma conduta estão circulando nas redes sociais, mas ainda não há informações sobre os locais dessas outras gravações.
INSPEÇÃO
Segundo a promotora, o MP já iniciou uma inspeção nos locais de vacinação com a finalidade de apurar dois pontos: o padrão de fluxo das vacinas e as condições de trabalho desses profissionais de saúde.
“O que estamos querendo saber é: qual a conduta padrão desde o momento que o idoso chega até o momento que é injetado o imunizante? Se uma conduta adequada não estiver existindo, nós vamos cobrar”, ressaltou.
O Ministério Público de Goiás iniciou uma investigação para apurar a conduta da enfermeira que não injetou a vacina contra a Covid-19, na primeira aplicação, em uma idosa de 88 anos. Hoje, o órgão fez uma inspeção nos pontos de vacinação. pic.twitter.com/JY5f4NojJ3
— Rádio Sagres 730 (@sagres730) February 11, 2021
A promotora contou que na semana passada esteve no local da vacinação e percebeu que todas as vacinas ficavam sob responsabilidade de um profissional da secretaria de saúde de Goiânia. “Pelo que puder observar, há um controle e uma vigilância. Agora, nós queremos verificar como são retiradas essas vacinas e como são entregues para o aplicador. Quais os documentos desse controle. Qual o fluxo padrão do momento em que o aplicador tem acesso a essa vacina até aplicação”.
Também será analisado o número de profissionais de cada posto de imunização de Goiânia e a carga horária de cada um. “Queremos verificar se profissional não está cansado ou sob estresse. São centenas de vacinas aplicadas por dia. Então, há a necessidade de que o profissional esteja bem, porque isso também pode interferir no resultado da aplicação”.
Segundo a promotora são duas linhas de investigação: se foi um ato de má-fé ou uma situação de descuido e desatenção. Depois da perícia, inspeção e as oitivas, se for constatado elementos que comprovem a conduta criminosa, a enfermeira pode ser punida. A tipificação do crime vai depender o motivo que a levou praticar tal ato.
PODE FILMAR?
Marlene Nunes reforçou que não há proibição para que o momento da vacina seja filmado. “Só deve ser levado em consideração mostrar o rosto dos profissionais sem autorização deles. Mas o momento da aplicação pode ser gravado”.