Quando falamos em automobilismo, nos vem à cabeça nomes como Ayrton Senna, Michael Schumacher e Rubens Barrichello, todos homens. Como na maioria dos esportes, o automobilismo é dominado pelo gênero masculino, mas podemos encontrar gratas surpresas nesse universo, como Bia Figueiredo.
Muitos já devem ter ouvido algo a respeito dela, mas será que sabem da importância e simbolismo de tudo o que ela já fez no automobilismo brasileiro e mundial? Bia começou sua carreira nas pistas ainda jovem, correndo kart. Ela conta que sua paixão começou quando viu um carro de kart pela primeira vez, ainda na infância.
“Quando vi um kart pela primeira vez, com 5 ou 6 anos, mas eu não tinha ideia se eu queria acelerar ou não naquele momento. Com 15 para 16 anos, eu entendi que eu queria seguir naquela área, ser profissional e comecei a me dedicar 100% ao automobilismo”, declarou.
Com passagem marcante pelo kart, Bia resolveu arriscar e se aventurar nas chamadas corridas de fórmula, como a Fórmula 3, a Fórmula Renault Brasil e a Fórmula Indy. A pilota, inclusive, está marcada na história do automobilismo como a única mulher a vencer a Fórmula Renault, a única a conquistar uma pole position na Fórmula 3 e a única a triunfar na Fórmula Indy, foram duas vitórias.
Bia fala com orgulho sobre as conquistas que tem na carreira e espera que sua trajetória incentive mais mulheres a entrar no esporte. “Para mim, como mulher, é um orgulho. Como pilota, é normal, no sentido de sempre buscar vitórias e títulos. Mas, por ser a primeira sempre, é motivo de orgulho para mim e espero que abra portas para muitas mulheres pela frente”, disse.
Quem vê todas as conquistas da pilota até o momento, pode pensar que foi fácil chegar até onde chegou, mas não é fácil para uma mulher conquistar espaço e reconhecimento num nicho predominantemente masculino e Bia admitiu a dificuldade inicial, mas conta que foi conquistando respeito ao longo dos anos.
“No começo, foi mais difícil, não me conheciam. Na época, nos anos 90, não tinha nenhuma mulher de nome forte no automobilismo, ainda mais kart, que é um esporte de contato. Confesso que eu sofria bastante, mas fui aprendendo a revidar, a ganhar meu espaço, comecei a ganhar corridas e as coisas foram melhorando bastante. Hoje, sinto que não tem problema algum”, contou.
Levar adiante sua paixão pelas pistas foi complicado até no âmbito familiar, Bia sempre teve o apoio do pai, mas a mãe era resistente, não achava um esporte seguro para a filha, ela conta. “Meu pai sempre me apoiou muito, minha mãe ficou resistente no começo, por eu ser muito pequena, por ser um esporte perigoso, praticamente só de homens. Mas viram que era o que eu realmente gostava e sempre apoiaram”, relatou.
Bia se manteve na Fórmula Indy até o ano de 2013 e, em 2014, migrou para a Stock Car, maior competição nacional de automobilismo. No torneio, a pilota de 31 anos ainda não conseguiu vitórias ou poles. Na atual temporada, é a 27ª colocada, com 41 pontos. Em entrevista, ela se disse feliz por estar em Goiânia novamente e elogiou o Autódromo Internacional Ayrton Senna.
“Eu amo a pista de Goiânia, é uma das melhores estruturas que a gente tem no automobilismo nacional. Essa reforma veio numa ótima hora, tem um passado muito legal, a estrutura é fantástica. É sempre um prazer vir para cá”, afirmou a pilota.