Acusado de chefiar um esquema de arrecadação e pagamento de propina, o ex-governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda (sem partido), chegou a ensaiar ontem (29) que responderia perguntas dos delegados durante depoimento na Polícia Federal. Entretanto, orientado por advogados, ele permaneceu em silêncio.

Foi a primeira oportunidade para Arruda falar sobre as denúncias de corrupção. Segundo o advogado do político, Nélio Machado, o ex-governador tinha a intenção de falar, mas foi orientado pela defesa a ficar em silêncio. Machado afirmou que sua decisão teve respaldo em uma petição entregue ao Superior Tribunal de Justiça explicando os motivos do silêncio do cliente. Nélio Machado disse que Arruda só vai falar se tiver acesso a todo o inquérito que investiga o esquema de corrupção.

A orientação dos advogados de Jose Roberto Arruda também foi repetida pela defesa do ex-secretário de Comunicação, Weligton Morais. Interrogado no Complexo Penitenciário da Papuda – onde ele e mais quatro aliados do ex-governador, estão preso pela suposta tentativa de suborno de uma das testemunhas do esquema de corrupção, assim como Arruda – ele ficou calado.

Foram convocados ainda pela Polícia Federal José Luiz Valente da Educação, Geraldo Maciel da Casa Civil, Omézio Pontes que é assessor de imprensa e Luiz França da subsecretário de Justiça e Cidadania. A situação mais delicada é de Pontes, que aparece em dois vídeos recebendo dinheiro.

A Polícia Federal também espera os esclarecimentos dos empresários José Abdon, da AB Produções e Alcyr Colaço, do Jornal Tribuna do Brasil, que aparece colocando dinheiro na cueca. A polícia espera ouvir até quinta-feira 42 pessoas para concluir na próxima semana primeira fase do inquérito da Caixa de Pandora, deixando Arruda mais perto de reconquistar a liberdade.

A defesa do ex-governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda (sem partido), entrou com uma ação no Superior Tribunal de Justiça para que o ministro Fernando Gonçalves decida entre hoje sobre o pedido de revogação da prisão preventiva. No texto, os advogados argumentam que com o feriado da Semana Santa – sendo que o Judiciário entra em recesso na quarta-feira – é preciso ter celeridade porque se não a questão só vai ser decidida na próxima semana.

Jose Roberto Arruda está preso há 46 dias na Superintendência da Polícia Federal. Desde que a custódia foi determinada pelo STJ, o ex-governador deixou o local para fazer exames em hospitais de Brasília. Os advogados planejam utilizar o estado de saúde de Arruda para reconquistar a liberdade do ex-democrata.