ANA ESTELA DE SOUSA PINTO
GLASGOW, ESCÓCIA (FOLHAPRESS)
– O enviado especial do governo americano para questões climáticas, John Kerry, afirmou nesta quarta-feira (10) que as conversas com o governo brasileiro na COP26, Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas, são baseadas em medidas concretas, e não em promessas.
Kerry se reuniu no pavilhão do Brasil, montado dentro do evento em Glasgow, com o ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite, e negociadores dos dois países.
Na saída, questionado sobre a sua confiança no governo brasileiro, respondeu que a conversa “não é baseada em confiança, é baseada em passos; é baseada em coisas concretas que as pessoas fazem”.
O encontro com o governo brasileiro acontece num momento em que a gestão Biden sofre pressão de parlamentares democratas e ativistas progressistas para manter distância do presidente Jair Bolsonaro, a quem acusam de atacar direitos humanos.
O governo americano, por seu lado, quer ver aprovado o artigo 6º do Acordo de Paris, que regula o mercado de carbono e cujas negociações têm sido bloqueadas pelo Brasil nas COPs mais recentes.
O encontro de 40 minutos teve a participação de dois dos principais negociadores americanos, incluindo o que trata de finanças –a necessidade de receber financiamento dos países mais ricos tem sido repisada pelo ministro brasileiro em suas declarações e discursos em Glasgow.
Antes do encontro com Kerry, Leite havia dito na plenária de líderes que a promessa de US$ 100 bilhões feita pelos países desenvolvidos e não cumprida já é insuficiente para bancar uma “transição verde inclusiva”.
“São necessários volumes mais ambiciosos, de fácil acesso e execução ágil”, afirmou o ministro brasileiro, dirigindo-se aos “países que historicamente e atualmente são os responsáveis pelos maiores volumes de poluição da atmosfera”.
Segundo participantes da reunião, os EUA acenaram com a possibilidade de cooperar com tecnologia e financiamento na área de florestas, ao mesmo tempo em que se discutiu a regulamentação do mercado de carbono.
O governo brasileiro pediu aos americanos mais financiamento e cooperação também para a redução das emissões de metano –os americanos têm um dos maiores rebanhos do mundo e tecnologia avançada para conter os gases poluentes produzidos pelos animais durante a digestão.