Na tarde deste sábado, dia 23, Vila Nova e Londrina se enfrentarão pelo segundo turno da Série B do Campeonato Brasileiro, às 16h30, no Serra Dourada, e o duelo tem gostinho especial para a torcida colorada. É que, na temporada passada, o Tigrão fez a grande final da Série C do Brasileirão diante dos paranaenses.

O jogo de ida aconteceu no Estádio do Café, em Londrina, e o time da casa venceu por 1×0. Na volta, no Estádio Serra Dourada, o Vila Nova precisava reverter a vantagem conquistada pelo Tubarão para conseguir levar o caneco da competição pela segunda vez na história e após 19 anos da primeira conquista.

Era 21 de novembro, um sábado, quando a torcida colorada lotou o Serra Dourada com mais de 40 mil pessoas na espera para soltar o grito de Campeão. Os vilanovenses tinham tudo para acreditar em uma nova virada na vantagem, já que, em 2013, quando o Vila subiu para a Série B, reverteu vantagem conseguida pelo Treze da Paraíba.

O balde de água fria e a rápida reação

O jogo começou e logo no início, aos 4 minutos, o Tubarão jogou um belo balde de água fria sobre o Vila Nova. Em cobrança de falta pela ponta esquerda, Rafael Gava alçou a bola na área do Tigre e achou Bruno Batata, aquele que passou pelo Vila em 2008, que mandou de cabeça para dentro das redes do goleiro Edson. Explodia a torcida do Londrina presente no Serra Dourada.

Na ocasião, as baterias estavam proibidas de entrar nos jogos por decisão do Ministério Público em combate à violência das torcidas organizadas do estado, mas, excepcionalmente neste jogo, um acordo foi feito entre clube, MP, polícia militar e torcida para que as percussões fizessem parte do espetáculo condizente com uma final de campeonato.

A torcida do Vila não se abateu com o gol, assim como no jogo diante da Portuguesa, ainda nas quartas-de-final, e empurrou o elenco colorado em busca do empate, que não demorou:  veio, na sequência, logo aos 6 minutos.

Em jogada pela esquerda, Marinho Donizete lançou a bola para Moisés, na ponta direita da área. O camisa dez colorado ajeitou a bola para trás, de cabeça, ainda na área, buscando Robston. O capitão furou a tentativa de chute e a bola sobrou com Ramires, na entrada da área, que mandou uma bomba frontal ao gol e deixou a partida empatada.

O empate no placar, no entanto, não era o suficiente para o Vila Nova. Durante toda a primeira etapa, as duas equipes equilibravam as ações da partida, era jogo lá e cá, perigo para os dois lados. Mas o Tigre conseguiu a virada ainda na primeira etapa, aos 10 minutos de jogo.

Dessa vez, Robston lançou a bola para Moisés, na entrada da área, nas costas da marcação do Londrina. O camisa dez dominou a bola no peito, ajeitou para a perna esquerda e mandou uma bomba de canhota para dentro da meta do goleiro Vitor. Era a virada colorada.

A primeira etapa terminou com o Vila Nova em vantagem, mas ainda assim precisando de mais um gol para conseguir o título, já que no agregado estava 2×2, com o Londrina tendo marcado gol fora de casa, o que era um dos critérios de desempate no Brasileirão Série C daquele ano.

Gols, expulsões e o título

A segunda etapa começou e o Vila Nova se lançava ao ataque buscando a todo custo o gol que garantiria o segundo título da Série C para o Tigre. A equipe teve as primeiras oportunidades de marcar com Moisés e Robston, mas quem colocou o Vila com as mãos na taça foi Zotti, meio-campista, aos 7 minutos.

Após cobrança de escanteio de Marcelo, pela direita, a bola pipocou na área e a zaga do Londrina afastou. Na sobra, Zotti apareceu como elemento surpresa, de fora da área, e mandou uma pancada de esquerda, no cantinho esquerdo do goleiro Vitor, que não teve outra reação a não ser lamentar. Era o gol do título vindo dos pés de um dos melhores jogadores do Tigre naquela partida.

O Vila Nova, daí em diante, tentou controlar as ações do jogo e cadenciar a partida, já que o resultado estava garantindo o título. No entanto, antes de chegar ao quarto gol, o Tigre passou por um sufoco, aos 28 minutos, quando Zé Rafael mandou uma bomba da entrada da área e acertou o travessão do goleiro Edson.

A partida foi tomando contornos agressivos, o Londrina teve dois jogadores expulsos quase em sequência. Rhuan levou o vermelho por agredir Moisés e Patrick Leonardo, que hoje defende o Tigrão, também foi expulso após confusão. Além deles, nos acréscimos, Bruno Batata, autor do gol alviceleste, deixou a partida após ser avermelhado.

Para coroar a bela partida e a grande campanha que o Vila Nova havia feito em 2015, Moisés foi quem colocou, de vez, o Tigrão no lugar mais alto do pódio. No final da partida, aos 49 minutos, o camisa dez marcou o quarto gol colorado.

A jogada começou com um ataque do Londrina, o time se lançou todo para a área do Vila e até o goleiro Vitor foi para o tudo ou nada. Eles não esperavam, no entanto, que Frontini roubasse a bola ainda no campo defensivo. O goleiro estava batido, o argentino tocou para Moisés, na esquerda, que desceu mais rápido que a defesa e que o próprio Vitor. O Profeta só teve o trabalho de chutar a bola de perna esquerda para o rumo do gol. A zaga paranaense chegou a tocar na bola antes dela entrar, mas já era tarde e ela cruzou a linha do gol.

Moisés, que já tinha um cartão amarelo, não controlou a emoção, arrancou a camisa e foi advertido pelo árbitro novamente, tomando o cartão vermelho em seguida. Mas não adiantava, o Vila Nova estava a três minutos do título, só precisava controlar a bola e assim fez. O ponteiro girou pela última vez e a torcida colorada já entoava o grito de “é campeão”, o árbitro apitou o final da partida e a torcida foi para a geral comemorar com os jogadores.

FICHA TÉCNICA

Vila Nova 4×1 Londrina
Local: Serra Dourada, em Goiânia (GO) 
Data: 20/11/2015 
Horário: 19h30 
Árbitro: Thiago Duarte Peixoto (SP) 
Auxiliares: Carlos Júnior (SP) e Anderson Coelho (SP)
Gols: Bruno Batata 4’ 1T (0-1); Ramires 6’ 1T (1-1); Moisés 10’ 1T (2-1) e 49’ 2T (4-1); Zotte 6’ 2T (3-1)
Público: 40.914 presentes
Renda: 234.500 reais
Cartões amarelos: Robston, Zotte, Moisés, Edson (Vila Nova); Luisão, Diogo Roque, Bruno Batata, Paulinho (Londrina)
Cartões vermelhos: Rhuan, Patrick (Londrina); Moisés (Vila)

VILA NOVA: Edson; Marcelo (Gustavo Bastos), Vinícius Simon, Vitor e Marinho Donizete; Francesco, Ramires, Róbston (Baiano) e Zotte (Paulo Vitor); Moisés e Frontini. 
Técnico: Márcio Fernandes

LONDRINA: Vitor; Rhuan, Sílvio, Luizão e Paulinho; Diogo Roque (Netinho), Germano, Rafael Gava (Magno) e Zé Rafael; Quirino (Patrick) e Bruno Batata. 
Técnico: Cláudio Tencati