Há mais de dois meses os atletas do futebol brasileiro precisaram improvisar nos exercícios e conter a ansiedade para voltarem a jogar futebol. Por conta da pandemia do coronavírus, tiveram as férias de final de ano adiantadas e muitos viajaram para suas respectivas cidades enquanto não há treinamento presencial.
Após ficar mais de um mês sozinho em Goiânia mesmo com a paralisação das atividades no Onésio Brasileiro Alvarenga, o zagueiro Danrlei optou por voltar à Capivarí do Sul, cidade gaúcha de quase cinco mil habitantes onde mora sua família.
“Aqui onde eu moro, como é uma cidade pequena, tenho um pouco mais de liberdade para fazer os treinamentos que eu preciso. Em Goiânia eu morava em apartamento e não conseguia realizar muita coisa, o máximo que fazia era corrida na rua. Como a gente não pode largar a rotina para não perder muito, procuro acordar num horário mais ou menos parecido com o que a gente treina pela manhã. A tarde procuro descansar e faço um treinamento à noite que nosso preparador físico (Léo) nos passa”, explicou em entrevista à Sagres 730.
Além de ter mais espaços para praticar exercícios, Capivarí do Sul traz a tranquilidade de não ter nenhum caso de covid-19 registrado. Em todo o estado do Rio Grande do Sul são 5.473 confirmados e 166 óbitos em 251 municípios até a noite desta quinta-feira (21), em dados disponibilizados pela Secretaria de Saúde local.
“É uma cidade pequena, não tem nenhum caso de covid e isso me dá mais segurança para ficar aqui. Nós moramos numa região privilegiada que é sentido litoral norte, Porto Alegre fica a 80 km daqui. Graças a Deus aqui estamos isolados desse vírus”, comemorou o atleta.
Com todo esse tempo afastado da rotina de jogador de futebol, algumas coisas já começam a fazer falta. Inclusive treinamentos, concentração e desarmar os adversários.
“Nesse momento eu sinto falta de dar uma ‘chegadinha’ num atacante, como todo zagueiro sente falta nesse período. Brincadeiras à parte eu sinto falta de tudo o que envolve o futebol, nossa rotina de treinamentos, resenha de vestiário que para mim é a melhor parte que tem do futebol”, disse.
Camisa 3
Desde quando chegou ao Tigre no final do ano passado, Danrlei precisou brigar por posição no time titular. Zagueiro de origem, foi improvisado também na lateral-direita. Entretanto, ao ser contratado, esse era o cenário esperado.
“Quando eu cheguei no Vila Nova eu sabia que seria um clube que exigiria muito de mim, que teria que dar meu 100% e seria muito difícil. Eu trabalhei e busquei meu espaço, mas claro que a concorrência ali é muito grande, um grupo muito qualificado, mas fico feliz pelo professor Ariel ter confiado no meu trabalho e nesse primeiro instante o Bolívar também”, relembrou.
São 10 partidas com a camisa colorada, mas quando as competições foram paralisadas o zagueiro vivia um bom momento. Sendo assim, tenta se dedicar neste período para estar bem fisicamente quando o esporte for liberado.
“O ruim da paralisação é isso, quando você voltar terá que buscar novamente o seu espaço porque o que fez no passado não valerá de nada. O que vai importar é o momento, então quem estiver bem quando as competições estiverem bem, vai voltar. Por isso vou procurar me preparar da melhor forma possível e me cuidar para quando a gente retornar eu possa estar num bom nível e vestir a camisa 3 do Vila Nova”, analisou.
Volta ou não volta?
No estado onde se encontra Danrlei, mesmo com o aumento dos casos do coronavírus, alguns times já retomaram os treinamentos. Com uma série de restrições e recomendações, Grêmio, Internacional e São José, time de Porto Alegre, já realizam atividades em seus centros de treinamentos. À Sagres, Danrlei afirmou se sentir seguro com a retomada dos treinos presenciais, mas fez ponderações.
“Primeiro precisamos ver se vai dar certo esse protocolo e se é seguro. Pensando por mim, que sou um cara sozinho e que fico em Goiânia, me sinto seguro para voltar sim. Mas eu sei que tem outros jogadores que tem família e criança pequena, então sabemos que o pensamento deles não é o mesmo do meu. Por isso ficamos um pouco divididos”, pontou
“A gente fica ansioso, por mim poderia voltar em junho mesmo como está previsto, mas até lá tem muita coisa para acontecer ainda. A esperança é que possamos voltar a nossa rotina normal”, concluiu o zagueiro colorado.
Tempo livre
Mesmo tentando manter uma rotina razoável de treinamentos, Danrlei procura aproveitar seu tempo livre. Entre livros e séries, sobre um tempo para rever alguns amigos.
“Tirando os treinamentos eu procuro ocupar a cabeça vendo uma série, lendo um livro que é importante. Além disso jogo videogame com meus amigos porque quando estou aqui estou sempre rodeado deles. Eu acho importante isso. Tirar também um pouco o foco do futebol porque embora eu goste muito, se você ficar pensando nisso o dia todo, fica mais triste ainda por não poder fazer o que ama”, disse o atleta à Sagres 730.