No Rio de Janeiro para a disputa do jogo contra o Botafogo nesta quarta-feira, às 19h15, pela 24ª rodada da Série A, o treinador Ney Franco participou do programa Debate Final, do canal Fox Sports, nessa terça-feira com a apresentação de Teo José. Entre outros assuntos, o Goiás não deixou de ser destaque na discussão, uma vez que sua equipe tem 100% de aproveitamento no segundo turno.
De volta ao clube depois da passagem no ano passado, o comandante técnico explica que “eu peguei o Goiás no ano passado na mesma situação em termos de dificuldade de trabalho, no ano passado era 19º colocado e o clube há três anos querendo subir para a primeira divisão, então conseguimos juntamente com a diretoria e os jogadores esse acesso. Esse ano a gente voltou em uma situação com o Goiás melhor posicionado, mas em uma competição extremamente mais difícil, que é a Série A. Se ano passado, o Goiás estava entre os três maiores orçamentos da Série B, esse ano se não me engano deve ser uma das equipes que têm a menor folha salarial”.
Apesar do bom momento agora, seu recomeço foi conturbado. “Tivemos uma certa dificuldade no início do trabalho, o que é normal, no primeiro jogo eu apresentei em uma sexta-feira e já dirigi o jogo no domingo contra o Vasco sem treinamento nenhum. Depois teve o empate com o Bahia fora de casa, uma vitória contra o Inter com um jogador expulso no primeiro tempo e a gente teve três jogos seguidos perdendo. Eu assustei muito com a impaciência da torcida de ter recebido um treinador que subiu no ano passado e no meu segundo jogo dentro do estádio já fui chamado de burro”, completa.
Inclusive, antes da primeira partida em que iniciou a série de vitórias, contra o Fluminense, Ney Franco destaca a pressão sofrida e que “conseguimos naquele momento juntar os jogadores, a diretoria dando todo o suporte para a gente e felizmente tivemos uma sequência agora de vitórias, mas um trabalho que quase foi jogado fora pela impaciência que está o futebol hoje em dia. Conseguimos agora quatro jogo seguidos, arrancamos e passamos para a primeira página da tabela, mas dentro de um campeonato extremamente difícil ainda para a gente. Ainda não podemos pregar nada a princípio que não seja chegar aos 45 pontos, ainda faltam quatro vitórias para ter essa certeza”.
“Mas a gente percebe que a equipe evoluiu tecnicamente, está jogando bem, a equipe tinha no primeiro turno uma das defesas mais vazadas, até por causa dos jogos diante do Flamengo e do Santos, e já se mostra no segundo turno mais compacta, sólida defensivamente e quando passa o nosso goleiro Tadeu está em um momento espetacular. Aos poucos o jogo foi se encontrando, os jogadores entenderam a proposta, criamos um ambiente legal e tomara que a gente tenha competência para vencer mais um jogo no Brasileiro para que possamos chegar mais rápido no nosso objetivo e quem sabe lutar por uma coisa melhor”, acrescenta o treinador.
Agora 11 pontos distante da zona de rebaixamento, Ney Franco defende que quando chegou o objetivo era evitar o descenso, “mas sempre conversei com os atletas e com a diretoria e tentei passar para o torcedor a possibilidade de disputar uma competição internacional. A Copa Sul-Americana é uma realidade nossa, que a gente pode trabalhar. Estamos com um aproveitamento legal no segundo turno, então vamos viver mais três ou quatro jogos e se continuarmos nessa batida talvez no futuro a gente pode começar sonhar com essa possibilidade. Eu tenho falado com os jogadores e passado para o torcedor que o nosso grande objetivo é terminar o campeonato na primeira página”.
Um dos trunfos para o crescimento no campeonato foi a melhora defensiva, e o treinador explica que “primeiramente fizemos muito trabalho tático para jogar com as linhas próximas e saber o momento de fazer uma marcação alta. Como falei do Tadeu, ofensivamente temos um jogador que está desequilibrando, que é o Michael, que tem decidido jogos. Na bola parada, tanto defensivo como ofensivamente estamos indo bem, a equipe não está tomando gols de escanteio e faltas laterais e temos feito gols nesse tipo de jogada. Achamos um equilíbrio, mas com muita conversa e envolvimento dos atletas, alguns atletas que praticamente já estavam fora do clube conseguimos resgatar, entre esses o Rafael Vaz, que depois que cheguei tem sido decisivo”.
“O Goiás simultaneamente está disputando a Copa Verde, então estamos com o elenco um pouco inchado, e dentro desse elenco da Copa Verde tem alguns garotos que comecei a observar e tive a oportunidade de conviver mais perto. Comecei a trazer alguns jogadores para disputar o Brasileiro, entre eles o Kaio, que é um atacante que tem entrado e dado uma opção ofensiva, e o Breno, que é um jogador das categorias de base, um volante que está entrando e nos ajudando muito. Mudei o posicionamento do (Léo) Sena, que é um jogador muito técnico que o Goiás tem, que joga como volante e coloquei para trabalhar um pouco mais na frente, ele segura bem a bola e sabe jogar como um camisa 10”, ressalta.
Entre os destaque individuais da equipe, Ney Franco exalta o grande momento de Tadeu. “Geralmente quando um clube contrata um jogador que não dá certo se reclama muito da diretoria, então temos que elogiar muito a diretoria do Goiás pela contratação do Tadeu, foi um achado e é um goleiraço. Por incrível que pareça é um goleiro que conheço, porque na época que trabalhei no Coritiba ele era da base e de vez em quando treinava conosco. Depois foi para o interior de São Paulo e deu uma rodada, então acho que agora ele chegou em um momento no clube certo, está maduro e com muita confiança, caiu na graça do torcedor e isso é muito importante, e os números dele na competição são impressionantes”.
O mais novo queridinho do futebol brasileiro, Michael também foi assunto. O treinador frisa que além do talento, o atacante “é um jogador muito tático. Mesmo que não teve base, é impressionante a inteligência e o entendimento de jogo dele”. Ney Franco ainda acrescenta que “inclusive é um jogador com perfil até para Seleção brasileira, essa seleção que está trabalhando para o Pré-Olímpico do ano que vem na Colômbia. É um jogador jovem e acho que tem condição de jogar em qualquer clube do futebol brasileiro”. Nascido em 1996, Michael não tem idade olímpica para os Jogos de Tóquio em 2020, porém na Olimpíada é permitido convocar três jogadores com mais de 23 anos.