A cidade está acabando e o fato é comum para o prefeito, que emenda viagem internacional com excursão ao exterior. Enquanto Paulo Garcia foge dos problemas, a população enfrenta com a pele os efeitos da má administração. Para a maioria que não sabe de quem se trata, Paulo Garcia é o prefeito de Goiânia, reeleito em primeiro turno no ano passado. Reeleito é força de expressão, porque herdou o mandato de Iris Rezende. Enquanto a numerosa comitiva do prefeito curte as delícias de Miami, Goiânia esperou o Dia Mundial da Água sem nada para comemorar.

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Os cursos d’água foram um dos motivos que levaram a comissão de mudança da capital a escolher as cercanias de Campinas para erguer Goiânia. Oito décadas depois, os criminosos já poluíram todos os rios, córregos, ribeirões. Os bandidos deram licença para que as empreiteiras e o poder público construíssem prédios em nascentes. Os delitos continuam, pois a prefeitura destrói o pouco que resta e o Ministério Público considera normal instalar ao lado do Córrego Caveirinha o maior shopping do Estado. O Poder Judiciário liberou empreendimentos dentro de minas de água, inclusive o próprio Fórum e o Tribunal de Justiça.

Paulo Garcia viaja e deixa a companheirada dando jeitinho com as mãos úmidas. Haja propina para tanta liberação. Haja corrupto para tanto “habite-se”. Haja dinheiro sujo para tanta vista grossa. É extração na Avenida T-7. É o Cepal de Campinas matando um rio, tendo como comparsas as lavanderias e o projeto Macambira-Anicuns. É a Marginal Cascavel aterrada com entulhos de empreiteiras. É a Rua 115, no Setor Sul, invadida por milionários poluidores. É a ruína total das águas consentida pela prefeitura.

Vinte e dois de março não significa nada para os desonestos. A data que descreve a Goiânia gerida por esses pilantras é o Dia Mundial da Poluição e da Sem-Vergonhice.