Eronilde Nacimento é viúva de Pedro do Nascimento Silva, morto durante desocupação do Parque Oeste Indutrial há 14 anos (Foto: Arquivo Pessoal/Instagram)

“Todos os direitos humanos foram violados, e no estado de Goiás quase não se fala nisso. O me marido foi executado naquele dia. Eu sofri violência policial. Quatorze pessoas foram feridas com armas letais. Desde então a gente luta por justiça. Infelizmente as vítimas foram julgadas e muitas delas a sentença foi a morte, mas os culpados por aquele massacre continuam impunes”. 

As palavras acima são da vendedora Eronilde Nascimento. Ela integra uma das milhares de famílias que foram expulsas do conjunto Sonho Real, no Parque Oeste Industrial, em Goiânia, em 16 de fevereiro de 2005. Ela participa do 4º Encontro Nacional de Mães e Familiares de Vítimas do Terrorismo do Estado, que teve início no último sábado (18) e termina nesta terça-feira (21). 

Nesta segunda-feira (20), cerca de 90 pessoas, percorreram a Avenida Goiás, da Praça do Trabalhador até a Praça Cívica, pedindo o fim da violência. “Nossa luta é por uma política que não nos mate. A política de segurança pública que só mata não vai resolver, e é isso que está acontecendo aqui em Goiás, todos os dias. Corpos de jovens pobres, pretos, da periferia, estão sendo jogados no chão. Essa luta nossa hoje é para dizer basta, pare de nos matar. Queremos educação, saúde de qualidade, queremos CMEI, escolas. Queremos a nossa juventude viva”, revindica Eronilde, que desde a desocupação, mora no Setor Real Conquista, na região sudoeste da capital. 

Ao todo, no episódio da desocupação do Parque Oeste Industrial, durante a Operação Triunfo, duas pessoas morreram, entre elas Pedro do Nascimento Silva, de 24 anos, esposo de Eronilde, e Wagner da Silva Moreira, de 21. Outras 40 pessoas ficaram feridas, e 800 foram presos. 

O 4º Encontro Nacional, que conta com a participação da mãe da vereadora pelo Rio de Janeiro assassinada Marielle Franco, a advogada Marinete da Silva, organizado pelo Instituto Memória e Resistência e pelo grupo Mães de Maio do Cerrado – Do Luto à Luta, termina nesta terça-feira (21), com ato público da comitiva com autoridades em Brasília.