Muitos de nós aliam o sonho ao impossível. Algo que habita nossa mente e nosso coração, mas que não sai do campo fantasioso. Um ponto inatingível. Isso de certo modo até nos faz andar, se torna um combustível para que continuemos saindo da cama todos os dias acreditando naquilo que precisamos fazer. Mas, por outro lado, nos faz esquecer também que, por mais longo e árduo que seja o caminho, sempre é possível chegar lá, alcançar o topo, o sonho.
Não é fácil, não são todos e nem sempre se consegue, mas também não é impossível. E só em 2016 tivemos dois grandes (e belos) exemplos disso. Leicester City, do técnico italiano Cláudio Ranieri, incrivelmente campeão inglês, e Atlético de Madrid, do argentino (mais um) Diego Simeone, vice- campeão da Liga dos Campeões. É certo que o exemplo vindo da Terra da Rainha é ainda mais surpreendente, por se tratar de um time apontado no início da temporada como forte candidato ao rebaixamento, enquanto o Atleti já vinha dando sinais de seu rápido crescimento e também havia sido finalista da mesma Champions há dois anos atrás.
Já rodado e praticamente acabado para o futebol, o experiente italiano Cláudio Ranieri foi convidado a assumir um clube pequeno da Inglaterra com a missão de fazer um time reforçado basicamente com atletas das divisões inferiores não cair da poderosa Premier League. Não teve medo, encarou o desafio e foi além, muito além. Mais que um time, dirigiu um conto de fadas rumo ao seu “felizes para sempre”. Começou com um grupo desconhecido, mas comprometido e, degrau a degrau, foi escalando rumo à epopeia de um sonho “impossível”.
E, claro, teve lá também suas pitadas de sorte. Quem diria que um centroavante contratado na 5ª divisão inglesa entraria para a história do futebol inglês como único jogador a marcar gols em mais de 10 rodadas consecutivas? Quem diria que um reserva da Seleção Argelina se tornaria um mago do futebol, antevendo jogadas, achando assistências e gols que faria qualquer um duvidar das leis da física? Pois é, acontece. Lhes apresento Jamie Vardy e Riyad Mahrez.
Já o Atlético de Madrid provou que não era apenas um “fogo de palha” que faiscou em 2014. Ok, tudo bem que o time acaba de perder a final da Champions novamente para o maior rival, Real Madrid, mas, ainda assim, podemos dizer que a equipe do surpreendente Diego Simeone vive um sonho. Quem diria que o Atleti seria campeão espanhol (contra os superpoderosos Barcelona e Real) e duas vezes vice-campeão da Champions em três anos? Nem o mais otimista dos torcedores.
Um time que eliminou o Barcelona do badalado trio MSN, Messi, Suárez e Neymar. Que passou com autoridade pelo Bayern de Munique do lendário Pep Guardiola e fez jogo duro até o último minuto da final, a última cobrança de pênalti, inclusive tendo mais posse de bola do que o Real Madrid. E aí? Vive ou não um momento épico em sua história? Tem tanto mérito quanto o rival multicampeão.
Tanto Leicester quanto Atleti mostraram ao mundo do futebol que a magia existe, que o sonho é possível. E é um exemplo que não deve ser só olhado na visão esportiva. Quantas vezes em nossas vidas entramos como azarões nos nossos campeonatos? Quantas vezes olhamos para cima e vemos gigantes dizendo que não somos do tamanho deles e que nunca chegaremos lá? A verdade é que chegar ou não aonde queremos dependo muito mais de nós mesmos do que a gente imagina. A verdade é que quase nenhum de nós sabemos ou confiamos na força que temos.
Cláudio Ranieri e o Leicester acreditaram em suas forças no momento em que viram o quão poderosos poderiam ser. E levaram isso à diante até provarem para todos que estavam ali para serem gigantes também. Diego Simeone e o Atlético de Madrid confiaram nos seus princípios e no poder do trabalho para trilhar o caminho do sucesso com passagem só de ida, elevando o nível do clube a um outro patamar e de forma definitiva. É, os sonhos são possíveis… eles existem e os exemplos estão aí.