Iris Rezende (PMDB), Vanderlan Cardoso (PSB) e Antônio Gomide (PT) já não são os mesmos.
A primeira rodada de entrevistas da Rádio 730 com os candidatos a governador valeu menos pelas propostas e mais de comportamento dos candidatos.
Com exceção de Vanderlan, nenhum dos candidatos tem um plano de governo formatado. O candidato do PSDB é o único que tem algo consistente a mostrar. Os outros ainda estão ajustando ideias, organizando o que provavelmente será mostrado com início, meio e fim nos programas eleitorais.
O desempenho deles é que chama a atenção.
Iris está mais tranquilo. Tem sido tão cobrado para não falar do passado que poderia estar impaciente, estressado ou algo do tipo. No entanto, está bem humorado, sorridente, feliz.
A paciência de Iris tem ajudado a mostrar um candidato maduro, em vez de velho. Um candidato que quer conversar, debater, quer mostrar o que pensa, o que fez e que pode fazer muito.
Aos 80 anos, o peemedebista chama a atenção pela disposição de quem não tem dúvida de que tem muita vida pela frente. Iris está com sede de futuro.
Está tranquilo, inclusive, com o fato de que Marconi não avança, mas também não cai nas intenções de voto, enquanto seu partido repete erros de organização interna de outros carnavais, digo, eleições.
Está está acima disso. Maior que os problemas de largada da campanha.
Vanderlan também está calmo. Sereno. Ele é aquele aluno que estudou bastante, tem toda a matéria na cabeça, e aos poucos vai mostrando o que sabe.
Na eleição passada, Vanderlan parecia o professor de cursinho que conhece demais a matéria que leciona, mas que não consegue transmitir o conhecimento de forma que os alunos entendam.
Vanderlan está pronto para o debate. Tem conteúdo.
Mas, dos primeiros colocados, o que melhor aproveitou o tempo na rádio (quase uma hora), e portanto mostrou que amadureceu bastante desde a pré-campanha, foi o petista Antônio Gomide.
Gomide fala rápido, concatenado, pensa mais rápido ainda, e passa a mensagem com competência certeira. Além de afiado, está motivado.
Gomide tem um discurso consistente, baseado em informações e números, e forte. Fala como oposição, não se deixa surpreender por qualquer tema embaraçoso, e passa o recado.
Professor Wesley Garcia, do PSOL, Alexandre Magalhães, do PSDB, e Mata Jane, do (PSB), também fizeram boas entrevistas.
Normalmente, dos candidatos de partidos menores se espera pouco mais que algumas frases de efeito. Sem falar daqueles de quem se espera apenas jogo a favor de um dos primeiros colocados.
Wesley, que tem base fincada no Entrono do DF, mostrou que está preparado para o debate. Tem conhecimento sobre boa parte do Estado, e fala com propriedade sobre assuntos fundamentais como Celg, terceirização da saúde, Educação, Segurança e, principalmente, sobre o entorno, segundo ele “terra do nem: nem Goiás, nem Brasília” – definição que não é nova, mas que casa perfeitamente com a realidade local.
O líder nas pesquisas, Marconi Perillo (PSDB), faltou ao primeiro debate da 730 e à primeira entrevista. Pode ser que vá ao segundo debate, já marcado, ou à próxima rodada de entrevistas. Pode ser.
Tivesse isso à 730, teria tido uma boa oportunidade de participar do que prega em todos os cantos: um debate de algo nível.
Porque, mesmo sem ele, os outros candidatos fizeram, primeiro, um debate consistente, e depois, nas entrevistas, mostraram que estão prontos para qualquer movimento da campanha.
E a ausência de Marconi revela o quê? Revela que ele está apenas, por ora, jogando. Normalmente o líder nas pesquisas evita participar de debates. Ele não foi ao da rádio e tratou de evitar outros. Deve ir a um só, no final da campanha.
De entrevistas, só participou quando sua assessoria avaliou que não teria perido de bola dividida. Ele não quer choque agora.
Marconi é, por enquanto, o único candidato que não quer discutir o futuro de Goiás com os outros. Quer apenas discursar, falar, sem qualquer reação em contrário. É um direito, e uma estratégia.
Mas é também uma pena. Com um Iris maduro, um Vanderlan cheio de conteúdo, um Gomide afiado e outros candidatos bem preparados, além de um Marconi disposto a ouvir e falar, Goiás é que seria mais vencedor do que nunca.