A cidade vê perplexa o aumento da criminalidade e o fato é que o Estado parece não ter meios para coibir esse avanço. Não se trata do aumento da sensação de insegurança, como as autoridades costumam argumentar, provocada por reportagens jornalísticas. Dados estatísticos da própria Secretaria de Segurança Pública apontam para o crescimento da criminalidade em Goiânia.

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De janeiro a outubro deste ano, em 10 das 14 modalidades de crimes pesquisadas pela SSP houve aumento das ocorrências. O número de roubo passou de 1.411, em janeiro, para 2.017 em outubro. Todos são vítimas da ousadia dos ladrões, desde os pequenos comerciantes da periferia aos estudantes que têm como bem apenas um celular que custa menos de R$ 100. Os bandidos roubam de casas a pneus de carros e não se intimidam com alarmes e grades. Tomaram conta da cidade.

Para a polícia, a desculpa é apenas uma: a criminalidade evolui na proporção do consumo de crack. Ou seja, para alimentar o vício os usuários da droga passaram a roubar. Mas se tem o diagnóstico porque a polícia não consegue enfrentar o mal? Porque, apesar de o crack fazer parte do cotidiano das grandes cidades há cerca de duas décadas, em Goiânia chegou por volta do ano 2000, o setor de Segurança Pública não se preparou para lidar com essa nova realidade. Falta a Goiás um setor de inteligência que consiga prever a evolução dos crimes e se antecipar a eles. Nos Estados Unidos, o crack não se tornou a epidemia que é no Brasil porque o país percebeu o potencial destrutivo da droga e investiu na prevenção. No Brasil e em Goiás estamos sempre a um passo atrás no seu rastro de destruição.

A população não pode aceitar essa justificativa do governo para o aumento da criminalidade. Trata-se não só do patrimônio da vítima, mas da vida dela. Quantos foram mortos nos últimos meses durante assaltos em Goiânia? E quantos ainda vão morrer pra que o governo invista no combate ao crime de forma inteligente e eficiente. A polícia argumenta que falta investimento financeiro no setor, mas reportagem da Rádio 730 mostrou recentemente que o que falta é resultado: Goiás é o penúltimo no ranking do inqueritômetro, sistema do governo federal que mostra o número de inquéritos solucionas em todo país.

A raiz do problema da criminalidade não está no bandido, que em todo mundo age quando não é coibido; está na polícia mal preparada para lidar com a realidade e que só se preocupa com o que entra no bolso no fim de cada mês, e nos governantes que não priorizam a segurança do cidadão, mas a obras que acreditam que vão lhes render os votos que precisam para se reelegerem no ano que vem. Enquanto o governo asfalta rodovia, os bandidos se refestelam nos quatro cantos da cidade, obrigando o cidadão a se prender em casa.