Dados do Relatório Anual de Desmatamento no Brasil divulgado pelo MapBiomas mostraram que houve um aumento de 20%  no desmatamento em 2021, o que representou uma perda de 16.557 km² de vegetação nativa dos biomas brasileiros. Segundo Bruno Ribeiro, pesquisador do Programa de Pós-graduação em Ecologia e Evolução em Ciências Biológicas da Universidade Federal de Goiás (UFG), as consequências não atingem somente a biodiversidade da natureza, mas também os seres humanos.

Assista a entrevista na íntegra:

“Quando uma espécie na natureza é extinta ela deixa de cumprir a sua função ecológica e geralmente está relacionada a algum serviço que a natureza presta de graça para o ser humano, como controle de erosão, regulação climática no sentido de mudança climática, estoque de carbono que está totalmente relacionado ao controle do clima, provisão de água limpa e de boa qualidade pra gente. A gente como ser humano é totalmente interligado à natureza”, disse.

Bruno afirmou que no fim do processo de extinção de uma planta os seres humanos e a natureza ficam um pouquinho mais pobres. O especialista avaliou os resultados do levantamento do MapBiomas que revelaram as grandes áreas de desmatamento no país.

“As espécies estão perdendo seus habitats e por isso cada vez mais são ameaçadas de extinção. Avaliar um risco de extinção é o primeiro passo que a gente tem de fazer para conseguir manejar e conseguir ao menos que essas espécies não se tornem de fato extintas”, analisou.

Como saber se uma espécie está em extinção?

Pensando exatamente na forma de avaliação do risco de extinção e na agilidade que o processo precisa ter, o pesquisador Bruno Ribeiro desenvolveu um método para facilitar a identificação de plantas ameaçadas de extinção. Ele explicou a necessidade de contar com algo novo no trabalho que já era realizado por algumas instituições no Brasil e no mundo.

“O método mais utilizado é robusto mas um tanto quanto lento. E dada a taxa de extinção, perda de biodiversidade e a baixa quantidade de espécie que a gente conhece em risco de extinção, percebi a necessidade de agilizar o processo, para que a gente consiga manejar e tirar mais espécies da lista de extinção”, argumentou.

Bruno ressaltou que a identificação é a principal ferramenta para conseguir conservar, preservar e manejar as espécies ameaçadas. O método do pesquisador consiste em uma triagem, que classifica o estado de vida da planta. 

O pesquisador disse ainda ter aprimorado um método já existente e testar com as plantas do Brasil. “A abordagem do método é bem parecida com o que é utilizado nos hospitais, para separar as pessoas que chegam no pronto socorro e que correm alto risco  de morte. Ela precisa ser atendida com urgência e outras pessoas podem esperar um pouco mais, estão com sintomas leves”, explicou.

Segundo o pesquisador, essa forma de separação agiliza o processo de identificação, destacando as espécies que têm sintomas leves ou que não estão ameaçadas das espécies que merecem mais atenção. “Só de fazer essa triagem a gente já ganha muito em escala para avaliar  o estado de conservação da flora do Brasil, mas o método também pode ser aplicado para agilizar o processo de avaliação de risco das espécies de animais também”, pontuou.

Conforme Bruno Ribeiro, o Centro Nacional de Conservação da Flora no Jardim Botânico do Rio de Janeiro é o órgão responsável pela avaliação de risco e de extinção das espécies de plantas do Brasil desde 2008.

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