No início da sessão ordinária na Câmara de Vereadores, 17 assinaturas eram registradas no requerimento que pedia a criação de uma Comissão Especial de Inquérito para investigar os super salários pagos pela prefeitura de Goiânia a servidores. Mas depois de uma reunião de emergência convocada pela líder do prefeito na Casa, Célia Valadão, PMDB, restaram apenas nove nomes. Eram necessárias 12 assinaturas para a instalação da Comissão.

Ao menos 60 servidores da Companhia de Urbanização de Goiânia, COMURG, ganham salários superiores ao estabelecido na Constituição: o teto no município é o salário do prefeito, que é de R$ 19 mil. A denúncia tem sido feita pelo vereador Elias Vaz (sem partido), que pediu a abertura da Comissão para investigar a folha de pagamento mesmo com o decreto baixado por Paulo Garcia (PT) que impede salários inconstitucionais. “É importante porque o decreto do prefeito trabalha apenas a questão do teto. Eu acho injusto, que enquanto a maioria dos garis ganham em torno de R$ 1 mil, existe lá dentro, um gari que ganha mais de R$ 15 mil,” fala.

Dos 17 vereadores que assinaram o requerimento de criação da CEI, oito decidiram retirar seus nomes depois de rápidas reuniões com a líder do prefeito, Célia Valadão, e com o presidente da Câmara, Clécio Alves, ambos do PMDB.

Célia Valadão alega que não houve pressão do prefeito para que os colegas mudassem de opinião. “Nós entendemos que neste momento o objeto da CEI seria a questão dos autos salários, mas já houve uma ação concreta do prefeito em relação a este assunto. Sendo este o objeto, eu entendo que naturalmente já estaria sendo sanado esta primeira preocupação,” defende.

Os vereadores Rogério Cruz (PRB), Tatiana Lemos (PC do B), e Paulo Magalhães (PV), retiraram as assinaturas, assim como os cinco membros do Bloco Moderado: Zander Fábio (PSL) e Antônio Uchôa (PSL) Paulo da Farmácia (PSDC), Divino Rodrigues (PSDC) e Domingos Sávio (PMN).

Todos eles argumentaram que mudaram de posição porque teriam se precipitado quando assinaram o requerimento e que uma comissão provisória, com 12 membros, mas sem poder de polícia, pode buscar as repostas sobre os altos salários na prefeitura.

O único vereador que destoou destas alegações foi Paulo Magalhães. Ele assumiu que foi pressionado pelo presidente da Casa, Clécio Alves, e que poderia ter projetos de sua região prejudicados, caso não retirasse a assinatura. “Não foi a minha vontade de retirar a assinatura. Mas se nós somos da base, temos que cumprir aquilo que o prefeito determina. O presidente da Câmara reuniu os vereadores disse, você são da base ou saem da base. Contra a minha vontade, eu sou obrigado fazer várias coisas para que eu possa resolver algumas obras na minha base, que está em andamento e pode ser paralisada, como está uma creche para 150 crianças.  Não houve uma ameaça, mas para quem sabe ler um pingo é letra. Lê na cartilha, dança a música que está tocando ou está fora do baile. Eu sou da base do prefeito e, contra minha vontade tenho que engolir muita coisa nesta casa. É a caneta que manda. Aqui nessa casa a música é diferente. Eu vim pra cá pensando uma coisa e é totalmente diferente,” desabafa.

O vereador Elias Vaz, que propôs a CEI da Folha de Pagamento, garante que a promessa de uma comissão provisória não é suficiente para apurar os super salários da prefeitura. “Nós vimos aqui hoje (quarta-feira) um dos piores momentos que essa casa já produziu.

É por essas e outras que a população está indignada com a classe política no Brasil. Pessoas que não tem o mínimo respeito com a sociedade. Pra mim essas pessoas estão roubando o dinheiro público e a Câmara não permite sequer uma investigação séria. Pessoas retiraram suas assinaturas não sei a custa de quê. Este é um desrespeito, um tapa na cara dos goianiense. Fica aqui a minha indignação,” afirma.

O requerimento que pedia a criação a CEI da Folha de Pagamento foi arquivado na Câmara com apenas nove assinaturas. Eram necessários 12 nomes.