Os protestos já duram há três meses (Foto: Artículo 66)

O Escritório de Direitos Humanos das Nações Unidas pediu ao governo da Nicarágua que termine com a violência que já causou 280 mortos e 1.830 feridos.

Na quarta-feira, marcam-se três meses do início das manifestações, que começaram criticando a reforma do sistema de pensões e se tornaram um protesto contra o presidente Daniel Ortega.

Obrigação

A porta-voz do Escritório, Liz Throssell, disse à ONU News, de Genebra, que o governo do país tem a obrigação de proteger seus cidadãos.

“Esta perda de vidas precisa terminar agora. O Estado da Nicarágua, que tem as obrigações de direito internacional de proteger o direito à vida e segurança da sua população, precisa dar os passos necessários para acabar com esta crise e encontrar uma solução pacífica”.

O Escritório afirma que quase toda a violência tem sido causada pelo Estado e elementos pró-governo. A porta-voz informou ainda que funcionários do Escritório no país acompanham várias violações de direitos humanos.

“Esta violência é ainda mais terrível porque elementos armados, leais ao governo, operam com o apoio ativo ou tácito da polícia e outras autoridades do Estado. Os nossos funcionários no terreno testemunham uma grande variedade de violações de direitos humanos sendo cometidas, incluindo assassinatos extrajudiciais, tortura, detenções arbitrárias e negar o direito à liberdade de expressão”.

Responsabilidade

O Escritório da ONU diz que forças do governo removem, usando força, barreiras colocadas por manifestantes. Também citou campanhas de difamação, incitação a violência e um clima de ausência de lei. No fim de semana passado, morreram 12 pessoas.

O Escritório diz estar “extremamente preocupado” com o desaparecimento de dois defensores de direitos humanos, Medardo Maireno e Pedro Mena, e afirma notar “uma prática perturbadora de defensores de direitos humanos sendo criminalizados”.

O Escritório acredita que o Dia da Libertação, marcado este 19 de julho, quinta-feira, pode ser marcado por um aumento da violência no país.

Secretário-geral

O secretário-geral da ONU também mencionou a situação no país, dizendo que “é absolutamente essencial que se cesse de imediato a violência e se revitalize o diálogo político, porque apenas uma solução política é aceitável”.

Durante a sua visita à Costa Rica, António Guterres afirmou que a proteção dos cidadãos é uma responsabilidade essencial do Estado, e “esse princípio básico não pode ser esquecido, sobretudo quando temos um número de mortos absolutamente chocante”.