Em 20 dias de Operação Sallus, deflagrada pela Polícia Militar, foram cadastrados no banco de dados da PM 154 moradores de rua. A ação continua na próxima quinta-feira, dia 2, na região Sudoeste de Goiânia. A periodicidade dessa intervenção policial será semanal. A meta é que pelo menos 30 pessoas sejam identificadas e cadastradas semanalmente.

Em reunião entre PM, Polícia Técnico-Científica, representantes do Ministério Público e secretarias municipais e estaduais de Assistência Social e Saúde, definiu o plano de trabalho para a continuidade da operação. A Polícia Militar explica que a abordagem da PM é diferente daquela feita pelos órgãos de assistência social, isso porque o objetivo é combater a criminalidade por meio dessa identificação.

“No mês de janeiro houve três homicídios envolvendo pessoas na condição de moradores de rua, dois quais dois tinham sido cadastrados na Operação Sallus. Isso confirma a tese de que esses moradores de rua estão envolvidos sim com crimes, tal como roubos a patrimônio e a pessoa”, revela o subcomandante do Comando de Policiamento da Capital, tenente-coronel Márcio Gonçalves de Queiroz.

Segundo Queiroz, 45% das pessoas identificadas possuíam ficha policial. Cinco deles tinham mandado de prisão em aberto. Menos de 1% portava algum documento de identificação. Vinte e nove pessoas eram de outros estados. A maioria homens, com a faixa etária adolescente até os 35 anos. Foi feito o mapeamento das áreas onde se concentram os moradores de rua e elaborado calendário de atuação por região. O subcomandante explica que foi verificado que esses indivíduos não se mudam de Goiânia, mas migram com frequência dentro do município.

Das 154 pessoas identificadas, apenas 18 quiseram atendimento. “Como a legislação no Brasil não prevê a internação compulsória e morar na rua não constitui crime, depende da vontade dessas pessoas receberem o tratamento e serem encaminhadas para abrigos. E a maioria não tem mão de obra qualificada pra trabalhar, mesmo os poucos que têm não querem. Essa tem sido a principal dificuldade que temos encontrado”, explica o tenente-coronel Márcio Gonçalves de Queiroz.

O promotor de Justiça, Maurício Alexandre Gebrim, que chefia o Centro de Apoio Operacional dos Direitos Humanos do Ministério Público, expôs que a preocupação do MP é que sejam respeitados os direitos humanos desses moradores de rua. “Até o momento verificamos que não houve desrespeito aos direitos humanos na atuação da PM. As vezes essa é uma ação que desagrada alguns segmentos mas não houve excessos, nem desrespeito”, pontua.

Do Goiás Agora