No mundo cada vez mais acelerado e conectado, a comunicação se tornou mais presente — e paradoxalmente, mais falha. Falar de forma clara e respeitosa, saber ouvir e compreender o outro são habilidades essenciais para manter relações saudáveis, seja no ambiente familiar, entre amigos, no trabalho ou em relacionamentos amorosos.
Para abordar o tema, o programa Tom Maior do Sistema Sagres recebeu Patrícia Machado, psicóloga especialista em comunicação interpessoal. Em sua participação, ela destacou que a comunicação é, antes de tudo, uma forma de conexão. “Comunicação é conexão. Então, quanto maior a conexão, melhor a sua comunicação. Falar com assertividade é essencial”, afirmou.
Segundo Patrícia, a assertividade é a capacidade de expressar sentimentos e pensamentos de forma firme, porém respeitosa. “Assertividade não é gritar, nem impor. É saber dizer o que se sente com cuidado e atenção. Onde não há um diálogo dessa forma, normalmente temos a agressividade e a reatividade, que geram desgaste”, explicou.
A especialista lembrou que nos primórdios da humanidade, já nos comunicávamos por desenhos, expressões e gestos. Hoje, mesmo com o avanço da tecnologia, os ruídos na comunicação continuam comuns — especialmente nas relações mais íntimas. “O silêncio também comunica. E quando mal interpretado, pode gerar muitos conflitos. O nosso imaginário é muito fértil”, alertou.
Escuta ativa: o segredo do bom diálogo
Mais do que falar, Patrícia enfatiza que ouvir é uma parte vital da comunicação. “Ouvir com presença é uma atitude de carinho. Eu preciso da sua atenção, da sua troca visual, das nossas expressões conectadas”, disse. Ela criticou a tendência de interromper ou julgar antes do outro concluir seu pensamento: “Isso gera um desgaste enorme. É preciso saber ouvir sem pressupor o que o outro está dizendo.”
Ela também destacou a importância de respeitar o tempo do outro, especialmente em momentos de tensão. “Se a pessoa está muito chateada ou agressiva, será que é o momento certo para tentar conversar?”, questionou. Saber identificar o melhor momento para o diálogo é parte essencial de uma comunicação eficaz.
A comunicação não verbal também foi um ponto abordado na conversa. “Há pessoas que não conseguem pedir desculpas com palavras, mas fazem isso com um gesto. Quando alguém se cala ou se retrai, também está comunicando algo”, explicou Patrícia. Compreender os diferentes estilos de comunicação ajuda a construir pontes em vez de muros. “A troca acontece justamente porque somos diferentes. Quando um ajuda o outro, essa conexão se fortalece”, disse.
Comunicação assertiva não é agressividade
Um dos equívocos mais comuns é confundir assertividade com agressividade. Para Patrícia, a diferença está no tom e na intenção. “Existem mil formas de dizer a mesma coisa. Às vezes, quem fala mais baixo é quem realmente tem autoridade, porque fala com respeito”, argumentou.
Ela também propôs um exercício prático: mudar o foco da acusação para a expressão pessoal. “No lugar de dizer ‘você fez isso comigo’, diga ‘eu me senti assim quando você disse aquilo’. Isso abre espaço para o outro se expressar também.”
A especialista concluiu sua participação com um lembrete: “Nós não somos treinados para falar de nós mesmos. Mas quando conseguimos fazer isso com clareza e respeito, damos ao outro a oportunidade de nos conhecer de verdade.”
*Este conteúdo está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), da Agenda 2030, da Organização das Nações Unidas (ONU). ODS 03 – Saúde e Bem-Estar
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