Vendo a história dentro da família do goleiro Márcio, é totalmente plausível afirmar que ser goleiro se tornou um código genético no DNA repassado de geração à geração. A história começou com Seu Esmeraldo, avô de Márcio, que foi goleiro do Bahia na década de 60, mas se desenvolveu mesmo com Carlos Memera, o pai do goleiro rubro-negro.
Seu Memera, como é conhecido, fez sucesso como arqueiro no futebol nordestino na década de 80 e depois preferiu seguir na carreira como instrutor, na preparação física. Agora, faz uma espécie de estágio no Atlético na parte técnica, para ser treinador, e já vive um clima de decisão. Seu Memera conversou com a reportagem do PORTAL 730, explicou sua trajetória e foi questionado quem seria o melhor no auge: Carlos Memera ou Márcio?
“Joguei, e por incrível que pareça, a situação de goleiro está no DNA da família. Pais, tios, todos os antecedentes foram goleiros, não tão bom quanto o Memera e o Márcio que melhorou um pouquinho. Na minha época, graças a Deus, eu fui considerado um grande goleiro, mas houve evoluções. Eu vou dizer que Márcio é melhor um poquinho, porque bate falta, bate bem tiro de meta”
Apesar de fazer parte do “DNA da família”, Seu Carlos Memera gostaria que seu filho fosse jogador, mas em hipótese nenhuma, que fosse goleiro. Vencida a sua vontade diante do destino hereditário, uma outra vontade do pai de Márcio também não foi atendida: a “invenção” de cobrar faltas. O pensamento dele é só um: não há a necessidade de se fazer todo um esquema para goleiros baterem falta, mesmo sendo o filho dele.
“Não aprovo. Eu acho que é inviável goleiro ficar batendo falta. Primeiro: quando o goleiro bate falta, isso quer dizer que dentro do clube dele há jogadores que não tem a responsabilidade de fazê-lo. O goleiro tem que sair a uma distância de, mais ou menos, 90 metros, para vir bater uma falta, a equipe tem que se preocupar com contra-ataques, montar esquemas. Ele bate hoje porque fez por onde, ele treina, é um exímio cobrador junto do Rogério Ceni, mas eu não admito, clube que eu vá dirigir, goleiro meu não vai bater falta”
Apesar de manter essa posição, Seu Memera não esconde a felicidade que tem diante do sucesso do filho, ainda mais por ter essa estatística reconhecida mundialmente com um dos maiores goleiros-artilheiros. Márcio tem 24 gols com a camisa rubro-negra e isso é um orgulho para seu pai, que reconhece que ele é um dos poucos que treinam faltas atualmente no clube rubro-negro e por isso, tem esse status.
“É ótimo para o Márcio ele hoje estar como terceiro maior goleiro do mundo em cobranças de falta, de pênalti. Em gols, ele é o terceiro, primeiro vem o Rogério Ceni, depois o Chilavert e aí vem ele, isso é uma marca histórica, é muito bom para ele. Mas, para o clube, pode ver, todo vez que ele sai, tem um esquema para cobrir a saída dele. Eu desaprovo, mas como ele chega aqui, vai lá e treina, e os outros não treinam, então é o melhor”