Que a pandemia trouxe muitas mudanças para toda a sociedade, isso todos já sabem. Mas alguns setores sofreram mais que outros. Um deles é o automotivo. Em 2020, por causa das restrições da Covid-19, as vendas de carros novos, por exemplo, caíram 30%, o que se soma à mudança de comportamento das pessoas. Confira a entrevista na íntegra a seguir

Em entrevista ao Sagres Em Tom Maior #363 desta terça-feira (28), o especialista em Economia, professor Luiz Carlos Ongaratto, explica por que o setor sofreu tanto durante a pandemia.

“É um setor importante e que depende muito de programas do governo como os de crédito, depende do comércio exterior como de questões cambiais, e que recebem peças do mundo todo. Com a pandemia e com a parada da economia global, a diminuição da rota de navios vindos de outros países, foi um setor que teve muita mudança durante a pandemia”, esclarece.

Segundo dados da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), a pausa na produção de veículos novos fez com que o mercado ficasse 28,6% abaixo do volume de vendas (nacionais e importados) no acumulado de 2020 em relação ao ano anterior.

Em contrapartida, as negociações de carros usados tiveram um boom em 2021, ocupando espaço dos modelos novos que sumiram das lojas em razão da falta de chip para a produção. Com demanda em alta, há uma escalada de preços que não se via desde o Plano Cruzado (nos anos 1980). Há modelos com valorização de mais de 20% em um ano. Em um mercado normal, o automóvel perde entre 15% a 20% do seu valor após um ano de uso.

“Um veículo 0km está muito caro, muitas vezes fora de preço. Então a pessoa que comprou um carro mais caro há um ou dois anos, pode se desfazer dele nesse momento para comprar um outro carro usado, e não um novo. Pode ser por questões de renda, de fato, ela precisa fazer dinheiro com esse carro, ou não tem carro para vender”, avalia.

Luiz Carlos Ongaratto no STM #363 com Jéssica Dias (Foto: Sagres TV)