Em reunião do Conselho de Recursos Hídricos do Estado de Goiás, foi solicitada a flexibilização de uma portaria que inviabilizaria a implementação de novos empreendimentos, tanto imobiliários como industriais.

A portaria foi emitida no fim do ano passado pela Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad), e limita a vazão dos poços perfurados a 5 mil litros por segundo.

Em Aparecida de Goiânia, por exemplo, para um loteamento de médio porte, a vazão precisa ser de 40 a 60 mil litros por segundo. Para o presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Meia Ponte, Fábio Camargo, a portaria impediria novos investimentos desse porte no município, daí o pedido de revogação.

“Se a gente aceitar que comece a fazer só o que essa portaria determina, em Aparecida, por exemplo, não vamos ter mais empreendimentos imobiliários inclusive grandes indústrias que precisam de água, não poderão funcionar na cidade”, afirma. “O que não pode, eu disse na reunião, é sem ter uma certeza absoluta da condição dessa água subterrânea a gente fazer uma portaria que inviabilize o crescimento de várias cidades do nosso estado”, afirma.

De acordo com o presidente do Comitê, é preciso a realização de estudos técnicos por parte do Estado para viabilizar a portaria. “Para fazer uma gestão inteligente a gente tem que ter estudos técnicos aprofundados muito fortes, para que a gente fundamente uma redução tão grande, do dia para a noite, da retirada de águas profundas. A gente não pode inviabilizar uma cidade sem um estudo”, acrescenta.

Nessa semana, a vazão do Meia-Ponte atingiu o nível crítico 2, quando a vazão de escoamento na captação da Saneago é igual ou inferior a 4 mil litros por segundo. Fábio Camargo argumenta que no ano passado, a situação neste mesmo período do ano era ainda pior.

“Nesse mesmo período no ano passado, a gente tinha 2,1 litros por segundo passando na captação da Saneago, então a gente tem [hoje] o dobro. Não é uma margem a ser comemorada, de muita água, mas temos um nível muito mais confortável do que no ano passado”, avalia.

Localizada na região Centro-Sul de Goiás, a Bacia Hidrográfica do Rio Meia Ponte corresponde ao abastecimento de 39 municípios, segundo a Semad.

Confira a entrevista na íntegra a seguir no STM #116