O jornalista Leandro Fortes comentou sobre a publicação do livro “A Privataria Tucana”, do também jornalista Amaury Ribeiro Júnior, que trata a respeito do esquema de desvio de dinheiro por meio das privatizações de empresas ocorridas entre 1998 e 2002, durante a gestão do então Presidente da República, Fernando Henrique Cardoso.

O Senador Aécio Neves (PSDB-MG) afirmou que esta é uma literatura que não lhe interessa, mas ressalta que quem dá o maior atestado de idoneidade à conduta do PSDB durante o processo de privatizações é o próprio PT, que de acordo com ele, usa a máquina pública em benefício do partido.

O Presidente Nacional do PSDB, Sérgio Guerra, aponta que o livro do jornalista Amaury Ribeiro Júnior é uma “mentira completa”.

Segundo o jornalista Leandro Fortes, que é autor do livro “Jornalismo Investigativo” este livro é importante para se compreender o processo das privatizações no Brasil. Ele relembra que a formação dos consórcios, que foi liderada pelo ex-diretor do Banco do Brasil na área internacional e ex-tesoureiro de FHC e José Serra, o economista Ricardo Sérgio de Oliveira havia muitas irregularidades, mas não sabia a dimensão de tudo isso, e quem de fato estava envolvido.

“O livro joga luz neste processo, explicita a maneira mafiosa e fraudulenta que foi votado este consórcio para compra de estatais brasileiras, e demonstra que depois destas compras, bilhões circularam por contas clandestinas em paraísos fiscais no Caribe, e são contas ligadas ao ex-governador de São Paulo, José Serra”, relata.

O jornalista ressalta que existe uma gama de pessoas ligadas a este processo, como a filha de José Serra, Verônica Serra, o genro Alexandre Bourgeois, e o sócio Gregório Marín Preciado, além do próprio Ricardo Sérgio de Oliveira.

Questionado se a documentação apresentada no livro é confiável, Leandro Fortes garante que sim. Segundo ele, são documentos de empresas chamadas offshores, que são empresas abertas em paraísos fiscais, que não são obrigadas a dizer quem é o dono.

“Maior parte do dinheiro que foi transacionada está nas Ilhas Virgens Britânicas, no Caribe, e nas Ilhas Cayman, sendo impossível que todo este dinheiro, sendo quase R$ três bilhões tenha circulado por estas contas de maneira correta. Ninguém abre conta no exterior para circular dinheiro limpo”, declara.

O jornalista afirma que José Serra, seus amigos, sócios, e família devem se explicar ao povo brasileiro sobre a origem de todo este dinheiro, e para onde ele iria. Para Leandro Fortes, o desespero em torno do livro, é porque a obra é poderosa em apresentação de provas.

  • Leandro Fortes é jornalista formado pela Universidade Federal da Bahia (UFBA). Atuou no Jornal Correio Braziliense e nas sucursais de O Estado de S. Paulo, Zero Hora, Jornal do Brasil, O Globo, revista Época e TV Globo. Foi chefe da Agência Brasil,  Radiobrás, e comentarista da Voz do Brasil, além da Rádio Nacional. É fundador e diretor da Escola Livre de Jornalismo, em Brasília, onde também atua como repórter da sucursal da revista CartaCapital. Professor do curso de Jornalismo do Instituto de Educação Superior de Brasília (Iesb), é autor de Jornalismo Investigativo e co-autor de O Brasil no contexto, ambos publicados pela Editora Contexto.