A cidade está sem controle e o fato é fruto do populismo. O vereador quer fazer média com os cabos eleitorais e pressiona a secretaria municipal para liberar feira. O deputado quer fazer média com os apadrinhados e consegue plantar banquinhas de lanche na calçada. Enfim, a farra é ampla, geral, irrestrita e impune. Não se mede impacto ambiental, nem de vizinhança, nem de trânsito. Só se conta quantos votos o político vai levar se agredir a cidade. E não importa se é mandato estadual, municipal, federal ou de conselheiro tutelar. Importa é fazer da cidade um grande poleiro de pato, um gigantesco chiqueiro de porco, uma imensa gaiola de pombo.
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Leis municipais como o Plano Diretor e até normas nacionais, como a Lei de Responsabilidade Fiscal, além da farta legislação de meio ambiente, preveem punição para os crimes consentidos em Goiânia. Mas nenhuma autoridade se apresenta para colocar ordem na casa. Afinal, o Fórum e o Tribunal de Justiça foram construídos dentro de nascentes. A Câmara de Vereadores está numa praça invadida. A Assembleia Legislativa aterrou um córrego e suas minas. Os clubes de policiais militares foram feitos em um ribeirão. A nova moda é fazer shopping dentro de córrego, depois as autoridades consentem e fica tudo bem.
O resultado é uma cidade a caminho da cova. Já morreu a tranquilidade, pois o número de crimes não para de crescer. A qualidade de vida está acabando. E a reação das autoridades é elaborar Termo de Ajustamento de Conduta com os infratores.
Incrível que os governos federal, estadual e municipal não se preocupem nem com arrecadação. Os sonegadores fazem farra à luz do dia, com bilhões de reais em produtos sem nota, e os fiscais não movem um músculo. As calçadas estão cheias de camelôs milionários, arrebentando o faturamento dos lojistas que pagam impostos e obrigações trabalhistas. Os parques foram loteados para apadrinhados de políticos, sobretudo de empreiteiras. É a privatização na marra. A qualidade de vida já se regeu pela vida pública. Hoje, está na privada.