A cidade vive uma aparente calmaria coletiva sobre rodas e o fato é que nos bastidores se trava uma luta cruenta pela manutenção do poder.
O sistema do transporte coletivo em 2008, depois da licitação Iris Rezende/Prefeitura de Goiânia, abocanhava cerca de R$ 30 milhões. Cinco anos mais tarde, a rentabilidade subiu 73% e o numero de usuário cresceu 2,343 milhões. São cerca de R$ 52 milhões faturados mensalmente. Mesmo assim os empresários garantem que as empresas estão prestes a fechar as portas.
Tudo bem que o momento é de pibinho, mas dizer que o sistema não é rentável é, no mínimo, evidenciar desconhecimento.
Cinco empresas atuam no sistema: HP, Reunidas, Cootego, Rápido Araguaia e Metrobus, com cerca de cinco mil funcionários e 1,5 mil veículos. Na esteira do congelamento das tarifas em R$ 2,70 os empresários resolveram colocar o pé na parede e dizer que não há como sobreviver. Uma parcela dos trabalhadores foi às ruas e bradaram que o poder público está tirando o pão da boca dos filhos deles, pois as empresas não sabem se pagam os servidores ou compram o diesel.
É brincadeira de mau gosto. O episódio lembra o ex-ditador Saddam Hussein utilizando mulheres e crianças como escudos humanos para não ser atacado pelos estadunidenses. Procuradores do Ministério Público do Trabalho estão antenados com a situação e já mantiveram contatos extraoficiais com a Superintendência Regional do Trabalho e Emprego, que monitora de longe o caso.
Não seria o caso da Receita Federal realizar uma auditoria nas empresas e descobrir para onde está indo o dinheiro arrecadado, antecipadamente? Sim, as empresas de transporte recebem sua receita de modo adiantado. Sem contar que os passes livres são pagos por usuários, contribuintes e governo. Não existe nada de graça. Sequer o almoço!
Cadê as planilhas? Estaria na hora da CMTC, o órgão regulador, e da CDTC, a última estância deliberativa do sistema, fazerem de conta que tem o controle sobre o sistema e agir de modo enérgico, quase independente. A despeito de se estar às vésperas da eleição e esse processo custar por demais.
Governos municipal e estadual, uni-vos ao menos uma vez em prol do coletivo. A população de 18 municípios (Grande Goiânia) precisam de vocês e não de ações estapafúrdias. Finjam que estão preocupados com o povo, principalmente aquele que utiliza o sistema, e lutem por ele. Abandonem suas zonas de conforto e façam campanhas mais baratas.