Apesar dos muitos desafios impostos pela crise do novo coronavírus à educação brasileira, a rede pública de ensino do país tem se mobilizado para ampliar a oferta de atividades não presenciais aos estudantes.

É o que mostra a segunda pesquisa Datafolha, encomendada pela Fundação Lemann, Itaú Social e Imaginable Futures, realizada com o intuito de fornecer informações aos gestores públicos sobre a educação na pandemia e apoiá-los na tomada de decisões.

“A gente percebeu um aumento do acesso a uma educação remota, subiu de 74% para 79% o número de alunos que tem acesso a uma educação em casa, porém começou a cair o número de horas que esses alunos passam estudando nas suas casas no dia a dia. Isso mostra o possível desgaste do modelo”, afirma o gerente de Inovação da Fundação Lemann, Lucas Rocha, em entrevista à Sagres TV.

A pesquisa aponta ainda que 31% dos pais e responsáveis temem que os estudantes desistam da escola se não conseguirem acompanhar as aulas não presenciais. Por outro lado, demonstra que alunos com mais contato com seus professores se dedicam mais tempo aos estudos e correm menor risco de evasão.

O levantamento aponta também que 89% dos responsáveis defendem a continuidade das atividades em casa junto com as aulas presenciais no retorno às aulas. Os entrevistados apoiam ainda o modelo híbrido de ensino, ou seja, aquele que promove uma mistura de aulas presenciais e conteúdo online.

“Ensino híbrido pressupõe uma postura de autonomia de projetos de autoria, de uso de dados. O ensino híbrido vai muito além do digital e do analógico, do mundo digital e presencial”, analisa Lucas Rocha.

Sobre o aspecto psicológico dos estudantes, a pesquisa revela que 64% dos responsáveis dizem que estão ansiosos, 45% irritados e 37% estão tristes nesse período, e 87% temem ser contaminados pelo novo coronavírus na volta às aulas. Isso preocupa o gerente. “Cada mês que o aluno passa sem estudar, não é que ele está ‘não aprendendo’, ele está desaprendendo”.

Foram realizadas 1.018 entrevistas por telefone com pais ou responsáveis por 1.518 estudantes de escolas públicas municipais e estaduais com idade entre 6 e 18 anos, entre os dias 11 e 20 de junho de 2020.

Em Goiás, por exemplo, as aulas presenciais seguem suspensas até 31 de agosto, e não há uma data definida para retorno às salas de aula por causa da pandemia.

Confira a entrevista no Tom Maior #68