A pandemia de saúde desencadeada pela Covid-19 revelou uma realidade preocupante. Muitos países, incluindo o Brasil, não possuem diretrizes educacionais emergenciais e precisaram improvisar políticas públicas educacionais para lidar com a situação. Sem saber como lidar com a situação, o momento da retomada das aulas presenciais ficou prejudicado, dificultando a aprendizagem e aumentando a evasão escolar.

A conclusão está no estudo “Intervenções Curriculares na pandemia: um olhar para quinze territórios”, que apurou mudanças nas matrizes curriculares em 15 localidades de 11 países diferentes.

No Brasil, foram usados exemplos de cidades do Ceará, Mato Grosso do Sul e São Paulo. Além do Brasil, África do Sul, Argentina, Butão, Canadá, Chile, Equador, Estados Unidos, Índia, Portugal e Reino Unido também apresentaram alterações em suas grades curriculares.

“No Brasil e em outros países, as intervenções curriculares durante a pandemia tornaram-se uma necessidade, especialmente pelo longo período de fechamento das escolas, o que prejudicou o fluxo de aprendizagem”, explica Deborah Kaufmann, coordenadora de Inteligência de Dados do Movimento Pela Base.

Mudanças

O levantamento apontou que a intervenção curricular impactou outros eixos da educação básica: 8 territórios ofereceram formação para professores; 4 disponibilizaram material didático atualizado; 11 ofereceram recursos pedagógicos; e 8 adotaram estratégias de comunicação, como circulares, normativas, lives e orientações in loco.

“Construir uma intervenção curricular durante um evento de crise é uma tarefa mais complexa quando não há orientação sobre como realizá-la. Consequências dessa falta de diretriz podem se refletir no atraso da recomposição das aprendizagens e aumentar a evasão escolar, por exemplo”, aponta a pesquisa.

O levantamento cita, ainda, uma pesquisa da Unicef com 122 países, que revelou que cerca de 70% dos países de baixa e média renda fizeram intervenções curriculares durante a pandemia. E que apenas 1 dentre 5 países de alta renda o fizeram. A conclusão relaciona a necessidade de intervenção curricular ao tempo de escolas fechadas.

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