Em seus 86 anos de história, a cidade de Goiânia passou por muitas transformações. Principalmente na área urbanística. A capital goiana foi planejada pelo arquiteto Atíllio Corrêa Lima, em 1932, e desde então passou por muitas transformações. A arquiteta e urbanista Anamaria Diniz esteve no programa Manhã Sagres para comentar sobre o desenvolvimento da cidade de acordo com o planejamento feito por Atíllio.  

(Foto: Sagres On) 

Pensado pelo arquiteto, esse “Plano Urbanístico” foi perdido no decorrer do tempo e hoje já não leva as características criadas por Atíllio.  

“O plano não foi implementado da forma que foi pensado. Ontem eu fazendo um percurso que costuma ser de 20 minutos eu levei uma hora e vi muitas placas escritas desvio. A nossa cidade hoje, aos 86 anos, é um desfio. Ela é um desvio de um plano. Nesses 86 anos da nova capital ela é marcada por esses desvios. Nós estamos em um momento de discursão da revisão do plano diretor de 2007. Apesar de muito otimista, eu vejo com muito pessimismo o futuro de Goiânia”, afirma Anamaria.  

Nos dias atuais a cidade continua anulando os planos criados por Atíllio. Nos vários “desvios” expostos em cada esquina de Goiânia, é visto a perda da “Cidade Verde”, que foi articulada pelo arquiteto.  

“O mais importante desses desvios foi o não respeito pelas áreas verdes. É uma situação muito proclamada como a cidade verde ou a cidade que mais tem área verde. Isso não é verdade. No plano havia a preservação dessas áreas verdes. Na concepção do plano original Goiânia seria uma cidade com parques, com cinturões verdes, mas isso se perdeu. Nos desvios eu posso apontar também a densidade. Não tem como recuperar aquela ideia inicial. Nesse desvio o que tem prevalecido é a cidade capital. O que determina a sua ocupação é o mercado imobiliário”, diz.  

Atíllio Corrêa Lima esteve há frente do projeto inicial de 1932 a 1935. Depois, Armando Godoy deu continuidade ao estudo de Atíllio. Porém, algumas de suas características foram se perdendo. Anamaria comenta sobre o rompimento desse projeto e as consequências nos dias atuais.   

“Nós temos uma cidade fragmentada. Uma cidade que foi concebida para ser uma cidade que respeitasse essa relação entre o habitante e a área verde. No entanto essa fragmentação se deu desde do início. Então é um desvio do conceito de qualidade de vida. O que é qualidade de vida? Qualidade de vida é ir para qualquer lugar e essa é a maior dificuldade que temos hoje no dia-a-dia. Nós temos uma cidade crescendo de forma desordenada, apesar de ter planos diretores. É uma cidade que não pensa no futuro. Eu acho que os cinco próximos anos serão muito ruins. Nós estamos assistindo esses corredores do BRT serem construídos. Em outras cidades europeias quando você tem os corredores do BRT você nem retira um canteiro central, tiram uma via de transporte individual. É isso que tem que ser feito. Há uma incoerência entre as ações principais na questão de mobilidade. O que tem que ser retirado do centro é o transporte individual”, finaliza. 

Confira entrevista completa 

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