O rumo natural das coisas no futebol brasileiro, normalmente, envolve a formação de jogadores que, ao se destacarem aqui, são vendidos ao exterior. O contrário dificilmente acontece – a não ser quando os craques estão em fim de carreira. O sérvio Petkovic, no entanto, quebrou essa linha de transferências – e conseguiu fazer história no Brasil. 

Nascido em Majdanpek, Petkovic se mudou muito cedo para a cidade de Nis, para jogar nas categorias de base do Radnicki Nis. Ficou lá até a temporada 92/93, quando foi comprado pelo Crvena Zvezda, um dos times mais populares e tradicionais da república. Ali começava o seu auge no futebol sérvio, o qual duraria anos e resultaria em uma transferência surpreendente para um dos maiores clubes do mundo: o Real Madrid.

Na temporada 95/96, Petkovic é comprado pelo Real Madrid – mas acaba não conseguindo espaço entre os merengues. Com isso, vai de empréstimo em empréstimo nos anos em que permanece na Espanha, passando também por Sevilla e Racing Santander, mas nunca sem conseguir se firmar por definitivo. 

É então que em 1997 Petkovic deixa a Europa e, pela primeira vez na sua carreira, chega ao Brasil. A sua primeira casa em terra brasileira é de um time gigante no estado, mas ainda sem grande expressão nacional: o Vitória. Começa lá, então, uma jornada vitorioso do sérvio no futebol brasileiro.

Os primeiros anos de Petkovic no Brasil

Se na Espanha Petkovic não tinha oportunidades para jogar, no Brasil foi completamente ao contrário. Ele chega ao Vitória em 1997 com status de ser a principal figura do meio campo. Em seu primeiro ano, disputou poucos jogos, apenas oito, mas consegue um bom saldo estatístico: dois gols e quatro assistências.

Campeão da Copa do Nordeste e do Campeonato Baiano daquele ano, ele alcançou um patamar diferente em 1998, quando marcou 26 gols em 33 jogos – números simplesmente excelentes para um meio campo. A sua melhor temporada no Vitória, no entanto, foi em 1999, quando marcou incríveis 27 gols em 16 jogos e repetiu a dobradinha Nordeste e estadual. Ali, Pet se consolidou ídolo – e ficou grande demais para a Bahia.

Uma visita à Europa, uma consagração no Mengão

Em 2000, Petkovic é contratado pelo Venezia, da Itália, para disputar a Série A do Campeonato Italiano. Novamente, não consegue se destacar na Europa. No entanto, a passagem pelo Vitória fez com que ele ficasse conhecido no Brasil, a ponto de ser contratado por um dos maiores do país. Ainda naquele ano, Pet retorna para vestir a camisa do Flamengo. 

Com o Flamengo, Petkovic consegue repetir o status de ídolo. Em seu primeiro ano no Mengão, ele conquista o Campeonato Carioca e termina a temporada com 28 gols e 11 assistências em 59 jogos. No ano seguinte, vence a Copa dos Campeões Regionais e, novamente, o estadual. 

Foi nesse período em que o sérvio se consagrou como um dos mais habilidosos jogadores do futebol brasileiro. Era um 10 clássico, inteligente e que tinha um diferencial que o colocava acima de muitos outros da posição: um exímio cobrador de bola parada. Fosse escanteio ou falta, lá estava Pet para levar perigo. 

No Flamengo, Pet faz duas temporadas excelentes e, na terceira, jogou poucos jogos. Isso porque, muito cedo,o jogador acaba sendo vendido para o maior rival do Mengão: o Vasco. É aí que começa uma passagem entre altos e baixos que irá envolver muitos clubes do futebol brasileiro.

As várias passagens de Petkovic

Se até então Petkovic era muito regular em Flamengo e Bahia, quando chega no Vasco ele começa a ser um pouco menos. O sérvio ficou duas temporadas no Gigante da Colina e fez menos de 40 jogos. Em seguida, foi ao futebol da China e, quando voltou ao clube carioca, em 2004, mostrou porque era chamado de craque: 18 gols e 9 assistências em 36 jogos.

Até 2008, o sérvio acumula passagens inconsistentes por diversos clubes. Vive algumas temporadas boas, outras nem tanto. Joga no Fluminense, Goiás, Santos e Atlético Mineiro, conquistando um título aqui e outro acolá, mas sem nunca ser a grande referência que havia sido anos antes. Isso mudou, no entanto, em 2009.

O retorno ao Flamengo e a aposentadoria

Em 2009, depois de sete anos longe do Flamengo, Petkovic volta a vestir a camisa do rubro-negro carioca. Já não era mais o sérvio do início dos anos 2000, estava mais velho, menos intenso, mas ainda assim muito inteligente e craque, no meio campo e na bola parada, como poucos que passaram pelo futebol brasileiro.

O resultado? Em 2009, o Flamengo conquistou o Campeonato Brasileiro em uma campanha histórica que foi definida na última rodada. Um dos maestros daquela equipe rubro-negra era justamente Petkovic que, apesar das estatísticas de gols e assistências já menores, se postava como peça essencial para o jogo do Mengão. 

Era o título que Petkovic precisava para encerrar a sua carreira no futebol. E assim fez – ainda que não em 2009. Em 2011, ainda no Flamengo, Petkovic faz apenas um jogo na temporada e pendura, em definitivo, as suas chuteiras.