Mais que as prisões de oito dirigentes envolvidos em ações corruptas na FIFA, a renúncia de Joseph Blatter à presidência da FIFA, anunciada na última terça-feira (02), parece ter atingido o pico máximo de todos os escândalos de corrupção desvendados na entidade máxima do futebol. Blatter havia acabado de se reeleger para novo mandato mas não resistiu à pressão externa de figurões e federações do futebol mundial que acreditavam em seu envolvimento com os esquemas revelados pela FBI, polícia norte-americana.

Além da prisão do vice-presidente de futebol da CBF, José Maria Marín, a forte ligação entre os dirigentes brasileiros e Sepp Blatter fez com que os escândalos balançassem fortemente as estruturas da CBF, hoje presidida por Marco Polo Del Nero, vice-presidente na gestão Marín e pertencente ao mesmo grupo político que administra a entidade brasileira há anos.

Apesar disso, Del Nero, em reunião feita com alguns dirigentes de federações, dentre eles André Pitta, que dirige o futebol goiano, avisou que não pensa em renunciar. De acordo com André Pitta, ele avisou que está tranquilo quanto à sua lisura em relação a tudo isso e que caso seja investigado, provará não ter ligação nenhuma com as operações ilegais na FIFA.

Mas, para o presidente da Federação Goiana, a continuidade de Del Nero no poder pode não ser boa para a CBF: “Há uma pressão para sua renúncia e isso natural, já que a entidade vive um momento muito delicado e ele está sendo contestado. Mas é uma decisão que cabe apenas há ele, para mim, sua manutenção traz um desgaste para a CBF, mas é ele unicamente quem deve decidir sobre isso”.

Para Pitta, a pressão ficará apenas na pressão caso não surja alguma prova que ligue Del Nero aos escândalos e que por isso, as Federações não pensam em qualquer tipo de atitude radical no momento. “Não há nada que possamos fazer, caso ele queria sair, tem que ser decisão dele. Não existe elemento jurídico que justifique uma ação desse tipo e muito menos unidade entre as Federações para tentar uma ação em bloco, ele está legalmente constituído e por enquanto não existe nada que possamos fazer. Vamos esperar”.

Marco Polo Del Nero presidiu por muito tempo a Federação Paulista de Futebol e após a saída de Ricardo Teixeira da CBF, se tornou vice-presidente do sucessor José Maria Marín. Em abril desse ano, Del Nero foi empossado oficialmente como presidente da CBF, fazendo Marín de seu vice-presidente.