O futebol não segue nenhum código de ética entre dirigentes ou, principalmente, entre clubes coirmãos, mas sempre que um jogador “troca de endereço” para o rival mais próximo, a situação se torna constrangedora. Não é a primeira vez e parece que não será a última que Vila Nova e Atlético vivem essa situação, dessa vez um pouco mais atenuada por um imbróglio judicial, envolvendo o goleiro Toni, que trocou o OBA pelo CCT do Dragão nessa semana.
Toni começou a treinar no Atlético na última segunda-feira, quando a delegação rubro-negra estava em Natal para encarar o ABC-RN e assinou contrato nesta sexta-feira de três anos com o time rubro-negro. O jogador, que deixou o Vila pela porta dos fundos, pediu uma chance ao Dragão, que aceitou, com algumas ressalvas por parte de Adson Batista, que explicou a chegada do goleiro.
“Ele é um bom jogador, nos foi oferecido e até achei que não ia se resolver, porque estava com o imbróglio judicial com atitude própria do jogador. Eu tô aqui pra defender o Atlético, pra proteger os interesses do clube e assim vou fazer. É um jogador que tem futuro, precisa trabalhar um pouco fora de campo, às vezes se expor menos publicamente, mas são coisas que vamos trabalhar. Se não fosse para o Atlético, iria pra qualquer outro lugar”, abordou Adson.
Realmente, Toni chegou a ser cotado também na Ponte Preta e até mesmo no Santos, segundo representantes do arqueiro, mas a negociação não rendeu. Só que ir para o Atlético causou um estranhamento no diretor de futebol do Vila, Roni, que já havia revelado em outra ocasião que, em telefonema, Adson garantiu não ter interesse no goleiro. O dirigente colorado revela que o que mais surpreendeu, na verdade, foi o goleiro ter vencido a batalha judicial.
“Fui pego de surpresa mais pela decisão judicial, porque achei que o Vila mostrou toda a documentação, o Vila provou que neste último contrato do Toni, e fui eu que negociei, o Vila estava em dia, com tudo certinho. De repente, veio uma decisão contrária e me pegou de surpresa. Se o Adson acha que é certo ou não, não vou ficar aqui julgando, acho que cada clube tem uma maneira de trabalhar, e ele tem a dele”
Sem jeito
Tanto Roni quanto Adson pareciam estar desconfortáveis nas entrevistas concedidas aos repórteres Pedro Henrique Geninho e Vinícius Tondolo, respectivamente, na última terça-feira. Adson tentou amenizar e destacou que, além de conversar com Roni, iria propor uma composição, com o Vila tendo uma porcentagem do passe do goleiro.
“É evidente que, na minha linha de trabalho, eu vou procurar o Vila, de repente buscar até uma composição se eles quiserem, porque eu não estou fazendo nada de errado, e dentro disso, buscar sempre preservar os interesses do Atlético. Até em uma conversa que vou ter com o jogador eu quero colocar essa situação e, de repente, a gente passa até um percentual para o Vila, se eles tiverem interesse”, apontou Adson.
Do lado colorado, a certeza é que Toni venceu apenas a batalha, mas a guerra judicial vai continuar, até porque Roni garantiu que vai até o último recurso para manter o vínculo do goleiro. Sobre a atitude do coirmão Atlético, por meio de Adson Batista, o dirigente do Vila foi direto e revelou que esperava, pelo menos, uma ligação para informar a negociação, fechada nessa sexta-feira.
“Eu não posso falar aqui o que eu faria ou não faria, mas o que eu tenho certeza é que a gente trabalha sempre com muita transparência e tenta resolver as situações para não causar constrangimento e transtorno pra nenhum clube, principalmente aqui na capital. O que eu acho mais justo é que você, no mínimo, consulte o outro clube para pegar um jogador, mesmo que seja na categoria de base. Ele não me chegou a ligar em nenhum momento”, revelou Roni sobre o dirigente rubro-negro