Foto: Aneel/Divulgação

O governo estadual comprou duas brigas com a Enel Goiás. A visita da diretoria da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) a Goiânia na quarta-feira reforçou a imagem negativa da companhia italiana. Curiosamente esse fato ocorreu no dia 14 de fevereiro, data em que se completaram dois anos da privatização da Celg D. Vale a pena revisitar o passado. 

Em 14 de fevereiro de 2017, a Enel foi recebida com honra no Palácio das Esmeraldas pelo governador Marconi Perillo (PSDB) para assinar a privatização da Celg D, iniciada com o leilão da estatal goiana em 30 de novembro de 2016. Dia de festa. “Os consumidores serão beneficiados pela diversificação de serviços e produtos e pelas melhorias. O objetivo é fazer da Celg a número um”, prometeu naquele dia Lívio Gallo, diretor da Enel. 

Passados dois anos, a antiga Celg D é a “número um”, mas no ranking das piores distribuidoras brasileiras, informou Rodrigo Limp Nascimento, diretor da Aneel. Depois de ouvir as informações de Limp, o govenador Ronaldo Caiado ironizou. Segundo ele, os investimentos da distribuidora em Goiás são determinados por Roma (sede da holding da Enel Brasil) e por isso demoram a chegar. 

Em outra frente, o governador administra os efeitos da Lei 20.416, que sancionou dia 6, alterando duas leis, uma de 2012 e outra de 2016, que criaram e atualizaram o Fundo de Aporte à Celg D (Funac). Esse fundo ressarcia a Enel por todas as dívidas contraídas pela antiga Celg anteriormente a 2015. Com a mudança o Funac só vai reinstituir as dívidas contraídas até 24 de abril de 2012, data da federalização da Celg para a Eletrobrás. 

Com essa mexida, o governo está dizendo que as possíveis dívidas entre 2012 e 2015 não são de sua responsabilidade. É que a Eletrobrás assumiu a gestão da Celg em abril de 2012, mas a transferência das ações só ocorreu em 2015. O governo de Goiás não quer se responsabilizar por dívidas contraídas no período em que as decisões eram da estatal federal, mas que foram incluídas no antigo Funac.  

Por que o governador comprou essa briga? Esse é o primeiro tema desta 30 edição do PodFalar, que trata ainda da tentativa de Ronaldo Caiado de buscar uma pauta positiva para não se apresentar apenas nas contendas políticas e administrativas. Assim, lançou nesta semana o Índice Multidimencional de Carência das Famílias (IMCF). É uma ferramenta para identificar as famílias carentes não apenas de renda, mas de moradia e de acesso à educação.