A operação caverna de Platão foi deflagrada pela Polícia Federal (PF) com o objetivo de desmantelar duas quadrilhas. Uma fraudava o INSS, na concessão de benefícios de amparo social ao idoso, o loas, a outra o sistema financeiro. Os crimes eram executados com o auxílio de tabeliões do cartório de Marzagão, cidade que fica a 200 quilômetros de Goiânia.

A PF cumpriu 11 mandados de prisão preventivas e temporárias, cinco de condução coercitiva e 18 de busca e apreensão em Mazagão e outras seis cidades goianas, além de Brasília (DF) e Arapoema (TO).

Dentre os detidos para prestar depoimentos, estão dois servidores do INSS. As prisões atingiram advogados e também os dois tabeliões do cartório da cidade de Marzagão, que falsificava os documentos. A delegada Marcela Rodrigues Vicente, chefe da delegacia de repressão a crimes previdenciários, conta detalhes da investigação, iniciada em 2012.

Ainda segundo a delegada o tabelião Harrison Soares Marinho, que foi preso com o pai dele, também tabelião, falsificava os documentos para as duas quadrilhas, mesmo já estando afastado há mais de um ano preventivamente do cartório por outras irregularidades administrativas cometidas. “Nós identificamos a expedição de 1197 certidões de nascimento tardias em um único cartório, no interior de Goiás, em Marzagão. O tabelião vendia estas certidões de nascimento tardias, que foram utilizadas para a postulação de benefícios previdenciários na modalidade Loas”, detalha.

De acordo com a delegada, a deflagração da operação evitou que o INSS seguisse pagando 530 salários mínimos a fantasmas.

O procurador da República Hélio Telho disse que os falsificadores aproveitaram falhas da lei para agir e indica medidas para coibir a fraude. “Uma das providências que nós estudamos fazer é solicitar ao CNJ que regulamente a expedição destas certidões de nascimento tardia para que haja uma segurança maior e evite este tipo de fraude, que pode estar acontecendo em outras unidades da federação,” conta.

O INSS suspendeu os benefícios que foram conseguidos mediante fraude. A Justiça Eleitoral também deve investigar se os títulos eleitorais expedidos com documentos falsos foram utilizados em crime eleitoral.