A cidade está de doer os ouvidos e o fato é que a prefeitura não ouve a população. Até porque o barulho impede.

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É o trio-elétrico com publicidade passando devagarinho na porta de casa, dia e noite.

É a festa de todo fim de semana ou da semana toda.

É o som automotivo fazendo tremer a parede.

São os aparelhos de ar-condicionado da empresa ao lado que impede o sono das crianças.

É a igreja, é o freio do carro, é o caminhão da Comurg, é o som alto do apartamento em frente. Enfim, é o caos que atrapalha os estudos, adoece os idosos, tira qualquer um do sério.

Em Goiânia, não adianta procurar socorro, pois a Agência Municipal de Meio Ambiente, a Amma, não dispõe de fiscais nem de veículos. E a Polícia Militar manda que a vítima procure a Amma. Com os supostos responsáveis empurrando com a barriga, o estresse aumenta e os infratores ficam impunes.

Como as autoridades lavam as mãos, o público às vezes suja as suas. O que deveria ser apenas desavença comum, acaba em tragédia. No fim de semana, houve três homicídios, duas tentativas e uma morte, no Jardim Guanabara. Foi o resultado de briga de vizinhos provocada pelo barulho de uma festa de casamento. Se o prefeito Paulo Garcia agisse, a população ligaria para o tal “Telefone Verde” da Amma. Mas é em vão recorrer à agência. O goianiense prefere se valer de outros recursos.

Em circunstâncias normais, o incomodado jamais sacaria a arma para resolver a pendência da comemoração de um casamento. Como Goiânia passou mais um fim de semana sem prefeito, a pessoa não tem com quem contar.

Enquanto a Capital aparece no noticiário com o excesso de ruídos matando literalmente, Aparecida de Goiânia saiu no “Fantástico” com outro enfoque. O prefeito Maguito Vilela autorizou sua Secretaria de Meio Ambiente a recolher veículos e equipamentos da poluição sonora. Melhorou a qualidade de vida dos moradores, puniu quem perturba e obteve aplausos nacionais. Em Goiânia, as autoridades da área só merecem apupos. Mas é em vão vaiar, elas não vão ouvir, porque o barulho da cidade não permite.