Um porto de escritores. Assim é chamada a sede da União Brasileira de Escritores/Seção Goiás (UBE/Goiás), localizada no Centro de Goiânia. Criada em abril de 1945, a entidade nasceu para se tornar um “núcleo”, ou uma “delegação de escritores” no estado, como explica o presidente da UBE/Goiás, Ademir Luiz. 

“É uma entidade que congrega escritores para que eles se encontrem, é um lugar de encontro. Tanto que o apelido da UBE é porto de escritores. É onde as pessoas aportam e se encontram para esses diálogos e conversas”, afirma. 

Ana Luiza e o escritor Bariani Ortêncio (Foto: Arquivo Pessoal)

A entidade, que teve como primeiro presidente Cristiano Cordeiro, e que chegou a ser presidida por nomes como Bernardo Élis, Jaime Câmara, Bariani Ortêncio, teve sua primeira sede na Avenida Goiás, no Edifício Vila Boa, em 1978. 

Porém, em 2001, por meio de uma doação do governo do Estado à época, ganhou a sua nova sede, na Rua 21, em frente ao Colégio Lyceu de Goiânia, na gestão de Maria Luísa Ribeiro Neves, primeira presidente mulher da UBE/Goiás.

Lançamentos de grandes obras, oficinas de escrita criativas e palestras são alguns dos eventos importantes da agenda da UBE/Goiás, que conta atualmente com mais de 300 filiados. Esse número chegava a cerca de 400 antes da pandemia. 

“Qualquer pessoa que tenha interesse em literatura, tanto ler quanto escrever, está convidado a comparecer na UBE e se filiar. Nosso interesse é conviver com pessoas que têm esse gosto por literatura”, pontua o presidente. 

Invasão e depredação

Nesta semana, no entanto, na madrugada de quarta-feira (22), a sede da UBE/Goiás, localizada na Rua 21, número 262, foi invadida e depredada. Um dos alvos foi a sala de Ana Luiza Serra Ferreira, secretária executiva da entidade há mais de 20 anos. 

Foto: UBE/Goiás

“A minha sala foi totalmente destruída. Eles destruíram todos os documentos, a prestação de contas, os ofícios, arquivos. Como eles desligaram a caixa de energia [elétrica] para ninguém ver luz acesa lá, pegavam os papéis e queimavam para iluminar lá dentro”, afirma Ana Luiza, a primeira a se deparar com o cenário de destruição na manhã da última quarta-feira de cinzas.

Foto: UBE/Goiás

De acordo com a secretária executiva, ainda não é possível contabilizar a totalidade dos prejuízos. Além de documentos, a biblioteca, o museu, equipamentos eletrônicos e obras de arte estiveram entre os alvos dos vândalos. 

“Furaram as telas. Uma delas é um quadro doado pela artista plástica goiana Graça Estrela. Outros quadros eles tentaram levar, mas não conseguiram porque não abriram a porta”, relata Ana Luiza. 

Abraço simbólico neste sábado, 25

Apesar da depredação, o auditório e dois salões de eventos da UBE/Goiás não sofreram grandes perdas. A agenda para o lançamento de um livro de contos, elaborado a partir das oficinas de escrita criativas, foi mantida para este sábado (25), a partir das 17h. O evento contará com um abraço coletivo ao prédio da entidade. 

“Faremos um abraço simbólico em torno da entidade em prol da cultura, pela retomada de ações públicas pela cultura e também pela segurança no Centro de Goiânia, que está extremamente debilitada”, afirma o presidente Ademir Luiz.

Como ajudar

Quem puder contribuir com a UBE/Goiás pode entrar em contato pelo telefone (62) 3225-7402, WhatsApp (62) 99218-7640, e-mail [email protected], ou pelo perfil no Instagram @ubegoias. Doações podem ser feitas via Pix no CNPJ: 02.843.290/0001-60.

O presidente Ademir Luiz e a secretária executiva Ana Luiza (Foto: UBE/Goiás)

Leia mais