4 secretários foram afastados, outros 3 estão no mesmo caminho. Há muitas justificativas para as mudanças, segundo o prefeito de Rio Verde, Juraci Martins (DEM).

Quando assumiu o comando da Prefeitura de Rio Verde, em janeiro do ano passado, Juraci Martins de Oliveira (DEM) avisou que a equipe escolhida para compor os cargos de primeiro e segundo escalão teria 12 meses para mostrar serviço e, caso isso não ocorresse, substituições seriam feitas logo no início de 2010. Passado este prazo, o prefeito convocou representantes de todos os veículos de imprensa rio-verdenses – falada, escrita e televisada – para uma entrevista coletiva na qual seriam informadas as primeiras mudanças na estrutura administrativa do Executivo. As modificações foram definidas após um estudo realizado por uma empresa contratada para analisar esta estrutura e sugerir medidas que melhorassem a operacionalidade e o gerenciamento dos órgãos da prefeitura, além de proporcionar economia.

A reunião ocorreu no gabinete do prefeito, no início da noite do dia 12, e durou aproximadamente uma hora. Antes de anunciar os nomes que deixariam os seus cargos a partir de então, quais seriam os seus substitutos e as transformações que seriam postas em prática na parte organizacional, Juraci fez questão de frisar que não estava tomando aquelas medidas para punir quem ninguém, e sim para fazer pequenas adequações na máquina, que irão culminar com redução de gastos. “O Tribunal de Contas dos Municípios exige que gastemos, no máximo, 52% da nossa arrecadação para efetuar o pagamento da folha de funcionários. Além disso, tem a questão do compromisso que firmamos com o Ministério Público para a realização do concurso público para a contratação dos servidores. Por tudo isso, estamos fazendo esta minirreforma, que não teve critérios políticos, e sim técnicos, baseados numa visão estratégica para planejarmos a administração a partir deste ano de 2010, quando vamos caminhar com orçamento feito por nossa equipe”, argumentou.

Inicialmente, o democrata está fazendo cinco mudanças na equipe de auxiliares, mas ele já avisou que em fevereiro o cargo da Procuradoria-Geral terá novo ocupante e, no mês seguinte, novas modificações ocorrerão em virtude da saída de secretários que pretendem se candidatar nas eleições de outubro (veja quadro à direita e leia matéria da página 6 do caderno Política).

Explicações
Questionado a respeito da transformação da Superintendência de Turismo em uma secretaria, Juraci atribuiu a escolha à necessidade de dar mais espaço a um setor com muito potencial para captar verbas para o município. “A Lúcia (Michalczyk) fez um excelente trabalho praticamente sem orçamento nenhum e o turismo é uma das opções que mais atraem recursos para todas as cidades, tendo em vista que não é possível administrar nenhuma delas com recursos próprios, pois, ao longo do tempo, foram delegados vários ônus aos municípios, enquanto que o dinheiro ficou todinho na mão da União”, protestou.

A busca por recursos – sobretudo os federais -, por sinal, é uma das maiores cobranças do chefe do Executivo Municipal aos seus subordinados, conforme ele mesmo enfatiza: “Para ser gestor público, não basta apenas gastar o dinheiro disponível, mas, principalmente, ter criatividade e competência para conseguir buscar fora aquilo que não temos na nossa cidade. Em Brasília, por exemplo, temos 180 projetos do governo federal. Quem buscar encontrará.”

Ainda sobre as verbas vindas da capital federal, o prefeito comentou que foram bastante tímidas as quantias recebidas ao longo do ano passado. “Posso falar dos R$ 6 milhões que foram obtidos pelo deputado Sandro Mabel (PR), pois o repasse prometido pelo Ronaldo Caiado (DEM) ainda não saiu. Da mesma maneira, estamos aguardando os R$ 100 milhões de uma emenda de bancada apresentada pelo senador Demóstenes Torres (DEM) para construirmos o Centro Materno-Infantil. A expectativa é de que neste ano saiam de 20 a 30 milhões para investirmos nesta obra, que será de referência para Rio Verde e Goiás”, relatou, esclarecendo que o plano de erguer um hospital geral foi abortado em virtude de uma obra deste porte já ter sido edificada na vizinha cidade de Santa Helena, o que dificultaria o credenciamento do novo hospital rio-verdense junto ao Sistema Único de Saúde (SUS).

Prioridades
O democrata aproveitou a ocasião para informar quais serão as prioridades de sua gestão a partir de agora. A reforma da Estação Rodoviária foi um dos compromissos firmados com o MP e, segundo Juraci, sairá de qualquer maneira. “A nosso ver, não há necessidade imediata de construirmos um novo terminal. Com algumas mudanças e uma reforma boa, aquele prédio ainda é capaz de atender a demanda. Agora, se esta reforma vai ser mais profunda ou não, vai depender do resultado de um estudo minucioso que estamos providenciando e, é claro, dos nossos recursos”, afirmou. Ainda de acordo com ele, a ideia de construir um rodoshopping agrada a administração, mas isso somente ocorrerá na hipótese de um projeto encabeçado pela iniciativa privada ou caso cheguem recursos do governo federal e/ou do estadual com este fim.

Outra obra que segue descartada pelo chefe do Executivo é a de uma nova sede para a Prefeitura Municipal. “Não temos dinheiro para isso e não encaro esta como uma urgência. Para o momento, nossa intenção é de fazer um anexo ao prédio da prefeitura e trazer para cá alguns órgãos que estão funcionando em imóveis alugados. Esta proposta está sendo estudada.”

Mais uma vez contestando a capacidade operacional e os equipamentos da Saneago, Juraci reiterou que Rio Verde pleiteia 100% de tratamento de esgoto, com cronograma de obras para, no máximo, três anos. “Vamos discutir isto com a população em várias audiências públicas, mas o fato é que precisamos terminar esta questão de saneamento básico até o final do nosso governo. Definitivamente, a tecnologia da Saneago não nos convence. São necessários investimentos de R$ 180 a 200 milhões para resolver isso, de acordo com um projeto pré-estabelecido e utilizando uma tecnologia que ainda não existe em Goiás”.

Mais algumas prioridades da administração para os próximos meses, segundo o prefeito, serão: a continuação dos serviços de asfaltamento e recapeamento, a reforma e ampliação das feiras, o lançamento do Plano Diretor Integrado, a troca de 20 mil pontos de luz por lâmpadas de mercúrio (pelo projeto Reluz, da Secretaria de Ação Urbana), a revitalização do Clube Dona Gercina, além do término da construção do parque (próximo ao colégio e faculdade Objetivo) e da praça do Parque Bandeirantes. “O pessoal apelidou aquela praça de ‘Praça da Vergonha’ e nossa meta é entregar tanto ela como o parque nas festividades pelo aniversário da cidade, em agosto”, adiantou.

Saúde
Aproveitando a presença do secretário de Saúde, Paulo do Vale, Juraci apresentou um resumo das atividades desenvolvidas pela pasta em 2009 – com destaque para o transporte de 10 mil pessoas para tratamento em Goiânia e o aumento de 3 mil para 9 mil na média de exames laboratoriais realizados por mês – e pediu ao auxiliar que informasse à imprensa algumas conquistas para o setor que já foram garantidas para os próximos meses. “Primeiramente, vamos finalizar a reforma do Hospital Municipal. Ontem (dia 11), saiu a licitação para construção da Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) do Jardim Goiás, que é o primeiro projeto do ‘Quarteirão da Saúde’. Quanto aos PSFs, faremos atendimento em três novas unidades – uma no Residencial Veneza, outra na Vila Promissão e outra no Eldorado. A Farmácia Popular, que é outra antiga reivindicação da comunidade, vai funcionar no mercado velho, na esquina entre as ruas Costa Gomes e Coronel Vaiano”, listou.

O secretário também anunciou a obtenção de uma verba de R$ 1,5 milhão para a aquisição de um tomógrafo, que deve chegar ao município até maio. “Por enquanto, não temos nenhum aparelho destes habilitado para fazer atendimento público na cidade. No mais, também estamos obtendo, junto ao Ministério da Saúde, mais de R$ 4 milhões para investirmos em ultrassom, arco cirúrgico e vários respiradores para montarmos o nosso semi-intensivo”, completou, ressaltando que dentre os próximos projetos também estão um laboratório central, um centro odontológico e o CAPS/AD – Centro de Atenção Psicossocial/Álcool e Drogas.

“Não viemos para fazer a melhor administração da história de Rio Verde, mas fazemos questão de cumprir, dentro das nossas possibilidades e limitações orçamentárias, aquilo que propusemos à população durante a campanha. Fui eleito com o voto dos mais humildes e o principal foco da administração está no social, no desenvolvimento aliado à solidariedade. Tudo que o cidadão quer é qualidade de vida, ou seja, asfalto, saúde, educação, transporte. E é neste sentido que estamos trabalhando”, sintetizou Juraci Martins.

Saiba mais

Confira as principais mudanças*

Chegam
Marion Kompier: titular da recém-criada Secretaria de Agroindústria
Jorge Coga Pedroso: titular da Superintendência Municipal de Trânsito

Saem
Gilson Rodrigues: ex-secretário de Indústria e Comércio
Geraldo Ribeiro de Carvalho: ex-secretário de Agricultura (foi convidado, mas ainda não decidiu se permanecerá no governo, ocupando outro cargo)
Walter Honório da Silva: ex-superintendente de Trânsito (permanece na SMT, agora como diretor de Operações) Fernando Pazotti: ex-secretário de Desporto e Lazer (vai para a Diretoria de Esportes, órgão da recém-criada Secretaria de Educação e Esportes)

Vão sair
Rildo Mourão: deixa a Procuradoria-Geral no final deste mês, mas ainda não foi definido quem o substituíra no cargo
Heuler Cruvinel: fica na Secretaria de Governo até março, quando se desincompatibilizará do cargo para se candidatar nas eleições de outubro
Demilson Lima: a saída do vice-prefeito da Secretaria de Ação Urbana em março é tida como praticamente certa, pois ele pretende ser candidato a deputado estadual pelo PPS

Ganham espaço
Levy Rei de França: antes secretário de Educação, agora ele passa a ser o titular da recém-criada Secretaria de Educação e Esportes
Luiz Carlos Sabino: a Secretaria de Obras está sendo transformada em Secretaria de Habitação e Obras e segue sob o comando do engenheiro
Lúcia Michalczyk: dirigida pela ex-vereadora, a Superintendência de Turismo ganhou visibilidade e está sendo promovida ao status de secretaria
Geron Mesquita: além de responder pela Secretaria de Articulação Política e Comunicação, a partir de março, com a extinção da Secretaria de Governo, ele também ficará responsável pelas atribuições que hoje competem a Heuler Cruvinel. (H.D.)

* Tanto a criação de novas secretarias como a extinção das existentes ainda depende de aprovação no plenário da Câmara Municipal

 

(Com texo de Hermon Dourado, da Tribuna do Sudoeste)