Videoconferência articulada pela FNP e Associação Nacional dos Municípios Italianos (ANCI) (Foto: Divulgação / FPN)

A Frente Nacional de Prefeitos realizou uma videoconferência com Antônio Decaro, prefeito de Bari e presidente da Associação Nacional dos Municípios Italianos, e com Giorgio Gori, prefeito da cidade de Bérgamo – uma das cidades italianas mais atingidas pela pandemia, localizada na Lombardia –. O secretário-executivo da Frente Nacional de Prefeitos, Gilberto Perre, disse à Sagres 730 nesta quinta-feira (16) que o diálogo foi importante de troca de experiencias envolvendo ações do poder público no combate a pandemia do coronavírus e no suporte à população.

Segundo Gilberto Perre, a primeira questão colocada pelos prefeitos italianos foi a dificuldade que tiveram de convencer a população, assim que registraram os primeiros casos de covid-19, à respeitarem o isolamento social. “O que foi mais triste ouvir, e os dois prefeitos italianos reiteraram isso, de que a população só se conscientizou da importância do isolamento social quando começaram a ver mortos, seus parentes e amigos, então eles foram muito enfáticos nisso, e pediram aos prefeitos brasileiros muita atenção ao isolamento social”, afirmou.

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Na videoconferência, os prefeitos italianos reafirmaram que o erro mais grave foi não terem sido tão incisivos no isolamento social quanto deveriam. “Quando a Itália estava no momento em que o Brasil está hoje”, pontuou o secretário-executivo da Frente Nacional de Prefeitos, Gilberto Perre. “Outro recado que eles passaram para os prefeitos foi para prestarem atenção nos abrigos de idosos, asilos, casas de repouso, o cuidado com a higiene nesses ambientes, eles alertaram muito a respeito disso”.

Gilberto Perre disse que o prefeito de Bari, Antônio Decaro, e o prefeito de Bérgamo, Giorgio Gori, apresentaram dados da transmissão da doença se divergem dos dados oficiais divulgados pela imprensa. “Eles disseram que, como muita gente morreu e os testes não ficaram prontos a tempo, eles calculam tanto para cidade, quanto a região na qual estão, que o número de mortes é o triplo do divulgado oficialmente”, disse. “No Brasil nós temos uma sub-notificação muito alta, tanto de pacientes quanto de óbitos, porque os exames estão numa fila para serem feitos, é preciso muita atenção porque o problema pode ser muito maior do que aquele que tem sido divulgado”, alertou.

Questionado sobre a repercussão do isolamento social nos municípios, secretário-executivo da Frente Nacional de Prefeitos, Gilberto Perre, afirmou que os prefeitos continuam firmes na adoção de medidas de isolamento, e foram convocados oficialmente pelo Conselho Nacional de Saúde para continuar na implementação de medidas de isolamento social. “Agora veja, o cidadão é colocado numa gangorra de informações, ele vê o Presidente da República dando sinais contrários de isolamento, ao mesmo tempo vê o governador e o prefeito pedindo isolamento social. O cidadão fica numa situação de dificuldade na tomada da decisão, e isso dificulta o prefeito na ponta, de implementar as medidas de isolamento social, e se não fizer isolamento social vai faltar leito, a pessoa vai morrer na porta do hospital. Esse é o drama”.

Gilberto Perre também pontuou que no Brasil falta sintonia nas orientações entre o governo Federal e os governos estaduais. No diálogo com prefeitos italianos, eles destacaram que a orientação do governo Central foi pelo isolamento social, prevendo uma situação pior para o país caso não fosse feito. “Ninguém defende isolamento social e a paralisação da economia, as pessoas precisam trabalhar para o seu sustento e estudar manter sua vida normal, então uma medida de exceção nenhum político gostaria de tomar, mas quando os médicos e enfermeiros precisavam começar a escolher quem morre e quem vive, porque não tinha leito suficiente para todos, de fato todos foram mais adeptos ao isolamento social”.

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