Limite da folha de pagamento ultrapassado e dívidas com fornecedores. Estas foram as principais conclusões da prestação de contas feita pelo prefeito Paulo Garcia (PT) em reunião da Comissão Mista da Câmara Municipal. O teto estabelecido pela Lei de Responsabilidade Fiscal é de 54% da receita corrente líquida para gastos com servidores; a prefeitura gastou 54,96% e precisa efetivar um corte de R$ 2,8 milhões nos despesa mensal.

Ao mesmo tempo, a secretaria de Finanças confirmou à reportagem que a dívida com fornecedores e empresas prestadoras de serviços continua no patamar de R$ 290 milhões. Paulo Garcia garante que uma série de medidas será efetivada para reduzir despesas e aumentar a arrecadação, mas só serão divulgadas na próxima segunda-feira. “Nós temos a intenção de apresentar aos senhores e toda a comunidade um amplo plano de reestruturação que é consequência de duas ações. No ano passado eu criei por decreto uma comissão da prefeitura que analisou toda a estrutura do organograma municipal para a otimização dos nossos recursos e uma gestão com melhores resultados e também contratamos uma consultoria da Fundação Getúlio Vargas para fazer uma análise da nossa folha de pagamento,” revela.

O secretário de Finanças, Cairo Peixoto, assumiu o cargo em fevereiro e defende a transparência e modernização do sistema financeiro da prefeitura. Ele admite que os auxiliares anteriores cometeram erros que resultaram na crise atual. “Isso vem de muitos anos e entendemos que agora chegou o momento de dar uma parada. Nós levamos para o prefeito, que buscou a gente. Nos últimos anos tivemos dois gestores nas finanças e eu acho que esse modelo exauriu. Então agora um modelo de transparência, de seriedade e que mostra a realidade para o prefeito,” enfatiza.

De acordo com o novo secretário de finanças, deve ter ocorrido erros para que o prefeito mudasse três vezes a pasta em três anos. “Se estivesse dando certo não tinha mudado, porque é traumática uma mudança no secretário,” analisa.

Para a oposição na Câmara, a prestação de contas do prefeito não foi satisfatória, como afirma Elias Vaz (PSB). “O vereador Geovani Antônio chegou a perguntar sobre a possível utilização de dinheiro de recursos de fundo e ele não respondeu. E hoje eu perguntei de novo de onde vem essa dívida. Não respondeu. Perguntei quais eram os fundos, que inclusive foram publicados pela imprensa, e ele não respondeu. O que é isto? Ele vem aqui prestar constas e não diz o que tem que dizer,” critica.

A resposta do prefeito sobre a questão da Comurg também revoltou o vereador. Segundo ele, Paulo Garcia disse que o problema é em 30% da cidade, o que de acordo com o parlamentar não corresponde à verdade. “Goiânia se tornou um amontoado de lixo. Não dá para camuflar a realidade,” enfatiza.

As medidas da prefeitura para economia e aumento da receita serão divulgadas por Paulo Garcia na próxima segunda-feira.