A presidente Dilma Rousseff assinou uma medida provisória que indica novos parâmetros financeiros para os clubes brasileiros de futebol, prevendo um novo fair play financeiro e o refinanciamento dos times com a União. As principais medidas são manter o salário dos atletas em dia, pagar os débitos com a união em até 240 meses e gastar no máximo 70% da renda com o futebol profissional, resguardando investimento nas categorias de base e no futebol feminino. Caso não cumpram com essas medidas, os clubes sofrerão sanções forte, incluindo perda de pontos e rebaixamento de divisão.
Será que os três grandes clubes da capital, que participam hoje de competições nacionais, conseguiriam se adequar à nova realidade ou correriam o risco de serem penalizados? Confira o que cada presidente disse sobre os novos parâmetros estabelecidos na medida provisória assinada pela presidente:
Guto Veronez – Vila Nova
“Sem dúvida nenhuma o Vila Nova precisa dessa medida, para começar a pagar e sanear as contas que o clube deve para a União. Mas tudo tem que ser feito com responsabilidade, não dá para exigir uma parcela que não dá para o clube pagar todo final de mês. Hoje, no clube, estamos com salários e direitos de imagem em dia. Fazemos muito esforço para garantir que o mês tenha só 30 dias aqui, então, acredito que o clube dará conta de se adaptar a essa regra do fair play financeiro, assim como arcar também com a contrapartida de pagamento”.
“Quanto à base, o Vila Nova já tem o investimento requisitado por essa nova medida, porém, manter um time de futebol feminino seria impossível hoje. Nossa renda está muito comprometida com outras situações, inclusive para pagamento de dívidas. Só, caso, surgisse uma parceria para tocar o futebol feminino”.
Maurício Sampaio – Atlético Goianiense
“Não só o Atlético, mas todos os clubes que tem pendências com a União, têm que dar um jeito e entrar nesse projeto. Não vejo, hoje, outra maneira dos clubes serem socorridos financeiramente, a não ser por essa medida, temos que dar um jeito, entrar e cumprir as medidas exigidas. O Atlético tem condições de pagar os salários em dia, temos patrocínio e as rendas necessárias para cumprir com os deveres de salário. Já contratamos advogados tributaristas para saber qual a real situação do clube e como temos que fazer para nos adequar à essa nova realidade. É uma coisa que temos que resolver, estudar e amadurecer todas as possibilidades”.
“Sobre as categorias de base e o futebol feminino, não temos condições, mas teremos que encontrar uma maneira. Na base, temos um trabalho estruturado e um projeto, o pró-esporte, com a verba já separada para dar continuidade nas categorias de base. Vamos desenvolver isso e, inclusive, para o futebol feminino, teremos que achar alternativa. Não tem jeito”.
Sérgio Rassi – Goiás
“A medida se faz muito necessária em um momento em que o futebol brasileiro está muito desacreditado e em crise financeira. Dar calote virou uma coisa rotineira no mundo do futebol, com dívidas tributárias e trabalhistas aumentando a cada dia. Na verdade, essa medida veio tarde demais e os clubes tem que se adequar a essa realidade, como uma empresa mesmo. Vejo com muito bons olhos. O Goiás já faz esse tipo de coisa desde o ano passado, adequamos nosso financeiro e estamos em dia com tudo. Não tínhamos uma bola de cristal para saber que isso aconteceria, mas foi uma filosofia que nós propusemos”.
“Nossa base já tem tradição, nosso clube é reconhecido pela FIFA como clube formador, mas, enquanto o futebol feminino, não acho que deveria ser algo obrigatório. Poderia ser uma opção do clube, ainda não tenho uma ideia formada sobre isso, vamos ter que pensar e analisar a atitude”.