A cidade convive com o trânsito cada vez mais caótico e o fato é que a população tem sua parcela de responsabilidade nesse caos. Todas as grandes metrópoles do mundo, em algum momento, optam pelo transporte coletivo em detrimento do individual. Os benefícios gerados pela medida, tanto para a população como para os cidadãos, são inquestionáveis: menos carros nas ruas significa ar mais puro, menos congestionamento, menos gasto com combustível.
Mas se por um lado o poder público não oferece um transporte coletivo de qualidade, por outro, o goianiense de classe média e alta não está nem um pouco disposto a deixar o carro na garagem e tomar o ônibus. Um fator promove o outro: as empresas de transporte coletivo não investem em qualidade porque não têm interesse em aumentar o número de usuários, atraindo o motorista de carro, e o motorista de carro está se lixando para a qualidade de vida da cidade, interessado apenas em manter seu conforto.
Para isso, ele pressiona o poder público para ampliar a malha viária, aumentando ruas, alargando avenidas e construindo viadutos. Mas isso tem um custo alto para a cidade: a frenética impermeabilização do solo altera inclusive o ciclo das águas porque interfere diretamente na temperatura; Goiânia está mais quente por causa do asfalto e também mais sujeita a inundações devido à redução das áreas verdes.
Não é por ignorância que os governantes da capital caminham em direção contrária ao que preconiza a coerência e sensatez. O fazem por receio do desgaste político. O prefeito Paulo Garcia encarou o desafio: implantou corredores exclusivos para ônibus em algumas avenidas e, a despeito de ter melhorado o tempo de viagem dos ônibus, tem sido alvo constante de críticas de motoristas egoístas, que viram seu espaço individual nas ruas ser dividido proporcionalmente com os ônibus.
Essa é apenas uma das soluções encontradas pelas grandes cidades para melhorar o trânsito; mas existe muitas outras, como pedágio urbano, proibição de estacionar nas regiões centrais na cidade, rodizio de placas. Medidas que levam o motorista individual a trocar o carro pelo ônibus e abrir caminho para uma cidade com maior qualidade de vida. Resta saber se Paulo Garcia vai resistir às críticas e dar andamento ao processo que visa dar prioridade ao transporte coletivo. Isso sim é agir como um verdadeiro estadista, mais preocupado com a cidade que governa que com a manutenção do poder.