Diferente do propósito para o qual foi criado, o Proesporte tem contemplado mais os grandes clubes e o esporte profissional que o amador, especialmente os times de futebol. Entre os atletas amadores e representantes de federações é grande a frustração com a falta de incentivo do governo estadual. Situação que deveria ter sido revertida em 2003, quando o governo do Estado criou o Programa Estadual de Incentivo ao Esporte – Proesporte para incentivar a prática e o desenvolvimento de esportes em Goiás nas suas várias modalidades, especialmente aqueles que promovam a iniciação esportiva, a formação e o treinamento de esportistas para transformá-los em atletas aptos a participarem de competições esportivas oficiais. Todavia, grande parte do recurso do programa é destinada aos grandes clubes, em tese, quem menos precisa de incentivo governamental.

print agencia esporteEm uma de suas últimas publicações, o conselho gestor do Proesporte considerou de “relevância esportiva” projetos apresentados durante o ano e aprovou 21 projetos. A justificativa para distribuição dos recursos é o princípio da razoabilidade financeira do projeto neste “período de escassez de recursos”. A distribuição tal qual foi feita deixa claro que a prioridade para o governo estadual são os times de futebol.

Na lista publicada no Diário Oficial do dia 02 de setembro foram aprovados oito projetos esportivos apresentados por federações e atletas goianos, no total de R$ 217.432,50. A solicitação inicial era de R$ 1.195,452,83. Nenhum dos projetos foi contemplado com 100% do valor solicitado. A Federação Goiana de Taekwondo pleiteou um auxílio de R$ 186.998,70 para que seus atletas pudessem participar de campeonatos brasileiros em Belem, Aracajú e São Paulo. Foi contemplada com R$ 20 mil. Dinheiro insuficiente para atender a demanda da federação e inscrever os goianos nas disputas. A Associação Cultural Desportiva e Paradesportiva Shekinah Atleta pediu R$ 162.975,75 para seu projeto “Atleta Cidadão Nota Dez” e foi contemplado com R$ 32 mil, mas com a possibilidade de liberação de mais R$ 40 mil, caso o projeto seja readequado. Para custear a temporada 2013 de jogos de karatê, a federação pediu R$ 214 mil e será atendida com R$ 20 mil. Uma atleta de alto rendimento submeteu um projeto pleiteando R$ 56.364 e a Agel liberou somente R$ 10 mil.

Com o futebol, a Agel foi bem mais benevolente na liberação de recursos. Em agosto, a agência contemplou nove projetos e os times de futebol da capital vão receber o total solicitado. Já os valores pedidos pelos times do interior sofreram cortes e aqui se incluem o Novo Horizonte, Ceres, Morrinhos e o Goianésia Futebol Clube.print agencia esporte2

De acordo com essa publicação de agosto, vão receber integralmente os valores pedidos a Federação Goiana de Futebol que pleiteou R$ 240 mil, dois projetos do Goiás Esporte Clube, que juntos somam R$ 650 mil para o futsal e natação, e o Atlético, que também foi contemplados com R$ 240 mil. Já o Vila Nova Futebol Clube, que solicitou R$ 245.857,50 para custear sua iniciação esportiva, conseguiu R$ 120 mil.

Sem ser identificado, o representante de uma federação esportiva contemplada com um valor bem inferior ao valor pedido diz que o recurso pleiteado ao Proesporte iria garantir a participação de atletas goianos em um campeonato fora do Estado, mas que agora eles terão que pagar para viajar e competir. “O dinheiro está liberado, mas o Estado não deixa captar. Você luta para fazer um bom projeto para que ele seja aprovado pela Agel e, só depois de aprovado, ele pode ser apresentado às empresas para que elas o financiem. Elas ganham um prazo do Estado para pagar o imposto devido. Os empresários demonstram interesse, mas o Estado não deixa, alegando sempre que já atingiu a cota de R$ 400 mil e que não pode ultrapassar essa cota. Esse valor é para todos os projetos das mais variadas modalidades. O dinheiro que não é suficiente para atender todo o Estado, mas para atender o futebol, que não é amador, o governo muda a lei na calada da noite e atende 100% dos projetos que eles pleiteiam”, desabafa indignado.

Outro representante esportivo reclama que apresentou projeto ao Proesporte, que não foi contemplado, todavia ele consegue saber o andamento desse pedido. O dinheiro iria custear uma viagem para um campeonato, mas a delegação foi pouco representada porque somente 20 atletas conseguiram pagar suas passagens e hospedagens. “Infelizmente, não conseguimos contato por telefone com a Agência Goiana de Esporte e Lazer para se explicar sobre essas liberações.”

A Agência Goiana de Esporte e Lazer preferiu se calar a explicar sobre o privilégio aos clubes de futebol. Por meio da Assessoria de Imprensa, o presidente da Agel, Célio Silveira, disse que vai se pronunciar e esclarecer sobre o programa, na “hora certa”. Nem mesmo os questionamentos sobre a execução do Proesporte foram respondidos. O recurso foi distribuído pelo conselho, mas ainda não foi repassado aos clubes e atletas.