A cidade sofre com a greve dos trabalhadores da Reunidas e o fato é que a paralisação expõe a fragilidade do sistema de transporte da capital. Pela manhã e no final da tarde, os pontos estão abarrotados de usuários aguardando um ônibus para chegar ao local de trabalho ou para ir para casa.
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Uma espera demorada, desconfortável, isso quando os passageiros não sofrem com a chuva ou com a insegurança das noites violentas de Goiânia.
As dificuldades enfrentadas pelos passageiros tem a raiz nas manifestações de junho. A insatisfação dos usuários com o aumento da passagem frente à péssima qualidade do serviço era justa, mas as consequências se mostraram piores do que o emendo. Principalmente porque as alternativas para o sistema ainda são tímidas, como a criação de ciclovias e o sistema de aluguel de bicicletas propostas pela prefeitura. É um início, mas muito ainda pode ser feito para minimizar a dificuldade de quem precisa se locomover pela cidade.
A prefeitura pode começar buscando inspirações em medidas implantadas em outros pontos do globo. Sófia, a capital da Bulgária, por exemplo, estimula que os alunos evitem andar de ônibus para ir à escola. Para isso, o poder público organiza grupos de adolescentes e crianças que fazem o trajeto a pé e em conjunto, sempre acompanhados por pais ou professores para garantir a segurança dos estudantes. Assim, além de desafogar o transporte público, ainda estimularia a prática de exercícios para futuros cidadãos de um país que sofre com um problema crônico de sobrepeso e obesidade.
A Europa também é pioneira em projetos criativos. É no velho continente que o sistema de carona solidária tem mais adeptos. Inúmeros sites unem pessoas que não se conhecem, mas que fazem o mesmo trajeto da casa para o trabalho e vice-versa. A divisão dos custos é realizada antecipadamente e o cadastro pode ser compartilhado com a Polícia Militar para garantir segurança de quem utiliza o serviço. Isso significa reduzir o número de carros nas ruas e diminuir o número de passageiros dentro dos ônibus. A legislação atual pode ser um empecilho, mas a reunião de forças para o bem comum pode fazer com que a alteração seja realizada com certa velocidade.
Outra proposta é estimular que empresas adquiram uma frota própria de ônibus para transportar os funcionários, como acontece com a Celg, por exemplo. Novamente, a medida atua nas duas pontas do problema, fazendo com que os funcionários que tenham carro deixem o automóvel em casa e que os que utilizam o serviço público desafoguem o sistema. Enfim, uma série de possibilidades para acabar com a dependência do carro ou do transporte público. Tudo com muita criatividade e baixo custo.
Políticas de transporte alternativas devem assumir com o tempo o papel principal nas grandes cidades. O modelo brasileiro de privilegiar somente o transporte público apenas serve para entulhar os cofres das empresas de ônibus e metrô por todo o país. Uma simples carona muitas vezes é mais eficiente do que milhões de recursos públicos aplicados em um modelo defasado de transporte. Enquanto isso, a população goianiense aguarda que os trabalhadores da Reunidas retornem da greve, nos pontos desconfortáveis e embaixo da chuva.