A polêmica de uma nova divisão para o Fundo de Reaparelhamento do Judiciário colocou em lados opostos duas das principais autoridades do Estado, o governador Marconi Perillo e o presidente do Tribunal de Justiça, o desembargador Vitor Barbosa Lenza. O governo propôs que o dinheiro arrecadado com o fundo seja dividido entre o poder judiciário e o poder executivo do Estado.
Ao fazer um balanço dos 100 dias de gestão, o desembargador voltou a demonstrar sua insatisfação com a medida. “A proposta eu a defino como um desastre, lamento a gente ter que usar uma linguagem tão grosseira, porque no estado de Goiás nós temos uma tradição de cordialidade, amizade, respeito não só com o poder executivo, mas também com o poder legislativo”, comentou Vítor Lenza.
Segundo o presidente do TJ, o poder judiciário de Goiás tem usado bem o fundo, e a divisão com o poder executivo prejudicaria muito a sequência das obras que estão sendo viabilizadas com o dinheiro. “Para se ter uma ideia hoje nós gastamos 70% do fundo para manutenção dos fóruns do interior e também do Tribunal de Justiça”, ressaltou o desembargador. Segundo ele, 45 obras no estado estão sendo feitas neste momento com investimentos do Fundo de Reaparelhamento. “Imagine quando terminarmos essas 45 obras, o que nós teremos só de limpeza e de vigilância já é o bastante para cobrir os 30% restantes”, analisou.
Marconi rebate
Se o desembargador considera a proposta um desastre, o governador foi no caminho contrário. Durante a reunião da União Geral dos Trabalhadores (UGT) nesta terça-feira (10), Marconi criticou o comentário de Vítor Lenza. “Essa declaração foi infeliz. Em momento algum o governo do estado pensou em qualquer tipo de ingerência em relação aos demais poderes”, declarou o governador.
“O que o governo do estado, e eu particularmente não posso admitir é que um recurso vultoso, que é do estado, não é do judiciário, não é do executivo, não é do legislativo, mas é do estado, é do povo goiano, seja utilizado para atender apenas uma demanda, enquanto nós temos cadeias caindo aos pedaços, presos aos montes nas celas, sem dinheiro para construir novas celas, IML’s caindo aos pedaços, a necessidade de construir mais IML’s, a procuradoria e ouvidoria desaparelhadas, a política de menores infratores também sem dinheiro”, emendou Marconi Perillo.
O governador ressaltou que não pretende enfraquecer o poder judiciário com a proposta, mas sim ampliar o alcance dos recursos do fundo. “Não estou pensando em mim, não estou pensando no executivo, não estou pensando em diminuir o papel de nenhum poder, pelo contrário, eu quero fortalecer o estado goiano oferecendo condições para que as famílias mais pobres tenham acesso aos bens e serviços do estado”, concluiu.