Quando cheguei à Sefaz, fiz um diagnóstico do Estado, que não tinha planejamento nem controle sobre o fluxo de caixa.” A afirmação é do empresário Jorcelino Braga (PP), que durante quase três anos foi titular da poderosa Secretaria da Fazenda do governo Alcides.
Foi desse diagnóstico que se levantou o propalado déficit de R$ 100 milhões mensais nas contas do Estado. Ele conta as diversas providências que tomou para sanar o déficit e garante que o Estado hoje está com as contas redondinhas.Braga fala também de campanha, reafirma a confiança na candidatura de Vanderlan Cardoso e garante que o ex-prefeito de Senador Canedo está subindo nas pesquisas de intenção de votos, com um grande potencial de crescimento: “Quem conhece Vanderlan vota nele”. Braga, um experiente homem de campanhas políticas, não titubeia nem um segundo para dar o vaticínio: “Vamos para o segundo turno e não interessa a quem vamos enfrentar”. O ex-secretário aposta no crescimento da aprovação do governo Alcides, que chegou a mais de 53 entre bom e ótimo, para puxar os índices de Vanderlan.
Entre os temas tratados, não poderia faltar o futebol, esporte predileto de Jorcelino Braga. Normalmente arredio a entrevistas, ele falou ao Jornal Opção de forma bastante descontraída na sexta-feira, 18.
Euler de França Belém — Como foi gerado o déficit de R$?100 milhões, que é contestado pelo senador Marconi Perillo, e por que a contestação?
Confundir a opinião pública é muito bom para quem deve. Evidentemente, confundir a opinião pública é uma estratégia política, que a pessoa utiliza da forma como quiser. Eu já disse várias vezes aos jornais, se os números do Estado não satisfazem, chame a Polícia Federal, o Ministério Público, as entidades federais para fiscalizar e ver se é ou não é a realidade.
Cezar Santos — No começo se falava em R$ 50 milhões, depois R$ 60 milhões até chegar em R$ 100 milhões.
Quando cheguei à Fazenda a primeira coisa que fiz foi um diagnóstico do Estado. O Estado não tinha planejamento nem controle sobre o fluxo de caixa. A Secretaria de Planejamento fazia as despesas e a Fazenda pagava. Uma coisa é orçamento, outra é ter dinheiro para assumir compromisso. O orçamento é anual. Eu sempre trabalhei em regime de fluxo de caixa. Se você não tem dinheiro para pagar folha de pessoal, com certeza um dia eles vão chiar. O que discutimos foi o seguinte: onde podemos fazer um planejamento de fluxo de caixa, onde a gente não tem risco de prejudicar o exercício? Quando foi feito um levantamento das despesas deu uma diferença negativa de R$ 99,548 milhões. Começamos a fazer esse levantamento em maio e terminamos em agosto, pela complexidade e falta de informações. Fizemos esse levantamento em dois pilares: buscar R$ 50 milhões em receita e buscar R$ 50 milhões em corte de despesas. Desde o primeiro momento começamos a tomar atitude. Quando a receita vinha acima do previsto, retiramos aquilo que era mais drástico. Tinha empresa que além do Fomentar tinha benefício fiscal. Então, tinha empresa que não só deixava de pagar imposto, como acumulava crédito.
Danin Júnior — O déficit foi apurado quando?
Em agosto de 2007. Só que eu sabia que iriam dizer que foi o Oton Nascimento. Quando fiz o levantamento, pedi que se levantasse tudo que foi repassado ao Governo Alcides, desde que ele assumiu.
Euler de França Belém — Quer dizer que Oton não tem nada a ver com esse déficit?
Oton fez o trabalho dele dentro daquilo que ele pegou, da forma como ele achava que deveria ser feito.
Patrícia Moraes Machado — Por que o Oton não anunciou esse déficit?
Cada um tem sua forma de trabalhar. Eu tenho a minha. Cada um tem a sua.
Patrícia Moraes Machado — Há uma contrapartida que diz que em 2007 ficou uma dívida de R$ 700 milhões adquirida em 2006. Houve um reempenho disso e daí os R$ 100 milhões por mês. Houve isso, dinheiro gasto no primeiro ano do Alcides?
Isso é um absurdo. O que existia é que quando chegava ao final do ano fechava-se a contabilidade cancelando empenhos. Isso está comprovado e é crime. Então, quando fechava esse tipo de coisa, se você cancela empenho daquilo que não é realizado, ok, não realizou aquilo. Agora, daquilo que foi realizado, e eu tenho centenas de documentos para apresentar, o governo Alcides pagou mais de R$ 1,6 bilhão de débitos contraídos pelo governo anterior. Eu tive cuidado de não incluir aquilo que foi realizado e é de responsabilidade do Governo Alcides. Daquilo que foi contraído e não foi realizado, a documentação está pronta para ser apresentada. Tive de negociar e pagar débitos com empresa de 1999 a 2006. E é débito da maior empresa de comunicação do Estado.
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