A cidade ficou horrorizada com o fato de Waldir Soares ter sido afastado da Delegacia de Trânsito. O delegado Waldir não foi ejetado por seus defeitos, ao contrário, foi perseguido por seus méritos. Às 7 da manhã desta quinta-feira, Waldir deu à 730 sua primeira entrevista. Soltou cobras, lagartos e tucanos. Identificou que ciúme político seria o motivo de ter ido parar na DéCór, a delegacia do corredor. Waldir é suplente de deputado federal, assumiu no Congresso por cinco meses, apresentou projetos polêmicos e voltou para a planície. Seus algozes estariam na própria bancada que ocupou, num fogo amigo do alheio.

O delegado Waldir atrai luzes e microfones. Pior seria se atraísse escuridão. É criticado por aparecer muito. Pior seria se sumisse. O cargo de titular de delegacia é técnico, mas também político. Waldir Soares é técnico para investigar e político para divulgar sua instituição. Em vez de o premiar com ascensão, a Polícia Civil o castiga rebaixando. É a primeira grande decepção com o delegado-Geral João Carlos Gorski e uma entre as muitas com o secretário de Segurança, Joaquim Mesquita.

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A saída de Waldir Soares da Delegacia de Trânsito é um estímulo aos criminosos do volante. Ao tirarem de campo quem incomodava os motoristas alcoolizados, os chefões da segurança disseram de que lado estão. A sociedade está do outro lado. Às vezes, do lado de baixo do carro de um cachaceiro que matou uma criança. Ou do lado de cima da lataria de um veículo que atropelou um pai de família.

O delegado Waldir se revelou vitorioso onde atuou, inclusive nos lugares mais violentas de Goiás. Reduziu a criminalidade na Região Noroeste de Goiânia e no Entorno de Brasília. Não é isso que Mesquita e Gorski querem. Infelizmente, pode ser tarde para lamentar a saída do delegado Waldir. Alguns só vão dimensionar o erro da Polícia Civil quando virem mais um acidente provocado por bêbado.