O doutor em direito e colunista no jornal Valor Econômico, Bruno Carazza, analisou em entrevista à Sagres 730 nesta sexta-feira (5), o cenário político após as eleições na Câmara dos Deputados e no Senado Federal. Para o analista, houve uma grande mudança, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) se unindo ao Centrão no Congresso Nacional e o Centrão assumindo uma posição chave no comando.
“Houve uma mudança primeiro da parte do presidente Bolsonaro. Ele se elegeu com o discurso que não iria dar espaço para o Centrão, não iria entrar em uma estratégia de governo de toma lá da cá, de negociar cargos e emendas parlamentares em troca de apoio político, e o que observamos nessa eleição foi justamente o contrário. Ele teve uma percepção muito realista da situação dele no Congresso, e fez um movimento em direção ao Centrão, algo que nos primeiros dois anos de governo, ele tinha se recusado a fazer”, apontou.
No outro lado, de acordo com Bruno Carazza, o Centrão assume o protagonismo no Congresso Nacional. “Uma mudança importante que é a tomada do poder do grupo do Centrão, que ao longo da história brasileira, foi um grupo que sempre compôs com grandes partidos, mas eram entre grandes partidos como foi o PT, PSDB, MDB e o DEM, o Centrão sempre se acomodava sempre que cada um comandava o Congresso. O que vemos agora é o contrário, o Centrão assume o protagonismo principalmente na Câmara dos Deputados”.
Para o doutor em direito e colunista no jornal Valor Econômico, a reeleição de Bolsonaro deve ganhar força com essa adesão à velha política. “Esse movimento do Bolsonaro rumo ao Centrão embaralhou o jogo para 2022”, afirmou Bruno Carazza. Para ele, nos últimos meses, o presidente perdeu força política e com isso diversos nomes surgiram para disputar as eleições em 2022. “Várias alternativas estavam se colocando que iam impactar uma massa de políticos e de eleitores, que de um lado não se sentem representados pelo Bolsonaro e também não se sentem representados pela esquerda”.
Carazza apontou que depois que Bolsonaro resolveu negociar com o Centrão, ele restringiu o espaço para adversários e ganhou força para 2022. “Com o Bolsonaro fazendo esse movimento rumo ao Centrão, e jogando pesado com essa questão de cargos e orçamentos, ele restringiu muito o espaço para os adversários buscarem apoio de políticos que não estão em nenhum desses lados extremos. Então foi uma jogada muito bem feita, não apenas para dar continuidade ao governo dele até o final, mas principalmente para as eleições em 2022”.