A cidade já reelegeu dois prefeitos e o fato poderia ter se repetido com outros administradores eficientes. Se o instituto da reeleição existisse em suas épocas, é óbvio que Nion Albernaz e Darci Accorsi teriam continuado suas excelentes gestões. Já foram reeleitos Iris Rezende e seu sucessor, Paulo Garcia. A manutenção do político no poder é boa para o povo, não somente para quem está no cargo. Aparecem críticas ao uso da máquina, mas a fiscalização cabe ao Ministério Público, aos concorrentes e, principalmente, aos eleitores. Agora, um grupo de deputados aprovou suposta reforma que acaba com a reeleição.

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O modelo atual não é perfeito, mas não se deve retroceder. Com eleições a cada dois anos, o povo analisa se o grupo que está no poder presta ou não. Quando está indo bem, seus companheiros se sobressaem. Se estiver mal, seus indicados perdem. Com a reforma, as eleições serão gerais, a cada cinco anos, sem direito a reeleição. O eleitor escolherá de vereador a presidente da República num mesmo minuto. Se errar, tem de esperar cinco anos para manifestar sua contrariedade. É o retorno do voto vinculado, tão querido pela ditadura militar.

Numa burocracia como a brasileira, em que se gastam meses com cada licitação, o mandato de quatro anos é curto. A reeleição funciona como uma espécie de consulta acerca do desempenho do mandatário. Mudar a regra é punir quem está trabalhando a contento.

Político adora jabuticaba jurídica, aquilo que só o Brasil tem porque só o Brasil se submete a certos caprichos e relaxos. Inventamos a pena que passa da pessoa do condenado, ainda que ninguém tenha recebido condenação. É o caso dos parentes de gestores, que não podem ser candidatos nem trabalhar no serviço público. A desculpa é evitar o nepotismo. Se na mesma família houver três pessoas competentes, apenas uma pode ir para a política. Aí, aparecem três exceções que confirmam as jabuticabas:

se for primeiro escalão, pode;

se for via concurso público, pode;

se for para poderes diferentes, pode.

Ou seja, não é questão de parentesco, mas de conveniência de quem escreveu a lei. Também não é defesa dos cofres públicos, porque o primeiro escalão, os concursados e os diferentes poderes gastam o mesmo dinheiro dos impostos.

É, não há nada tão ruim que não possa piorar.